HISTÓRIAS DO FUTEBOL BRASILEIRO
NO TEMPO PRESENTE É O MOMENTO DE REVER O
PASSADO E CONSTRUIR O FUTURO.
Hercules
Jogador do Fluminense foi um dos convocados.
Campeonato mundial de
1938, na França. Continuação.
Foram escolhidos 22
craques, a elite dos futebolísticas da época, sendo 10 da seleção que havia
disputado o último campeonato sul americano. A relação dos atletas convocados:
Goleiros: Batatais (Fluminense) e Valter (Flamengo). Domingos (Flamengo).
Jau (Vasco). Machado (Fluminense). Nariz (Botafogo). Zezé (Botafogo). Brito
(América). Martim (Botafogo). Brandão (Corinthians). Afonsinho (São Cristovão).
Argemiro (Portuguesa de Santos). Roberto (São Cristovão). Lopes (Corinthians).
Romeu (Fluminense). Luizinho (Palestra). Leônidas (Flamengo). Niginho (Vasco).
Perácio (Botafogo). Tim (Fluminense). Patesko (Botafogo) e Hércules
(Fluminense).
As duas seleções: Branca e Azul, acabaram criando rivalidade e ambas se
equivaliam, treinando quase assim: Azul: Batatais. Domingos e Machado. Zezé
Procópio. Martin e Afonso. Lopes. Romeu. Leônidas. Peracio e Hércules. Branca:
Valter. Jaú e Nariz. Brito. Brandão e Argemiro. Roberto Luizinho. Niginho. Tim
e Patesko.
A delegação brasileira chegou a Paris no dia 15 de maio e foi se
hospedar, longe, em S. Germain, no Pavillion Henry IV. Nossa estreia seria dia
5 de junho, contra a Polônia, em Strasburg. A cada dia que passava, crescia a expectativa
no Brasil e crescia também a ânsia dos nossos jogadores pelo seu primeiro jogo.
Chegou o dia da nossa primeira partida e minutos depois de iniciada o
prélio. Contra a Polônia, o público tinha certeza de que os brasileiros seria
os vencedores por 7 ou 8 gols. Superioridade absoluta. Mas, nosso quadro,
sempre com a velha mania das brincadeiras, facilitou tanto que o prélio
terminou empatado. Incrível, tivemos de sofreu um grande castigo. A última hora
começou a chover. Domingos, disputou uma de suas piores partidas
internacionais. Felizmente, tudo se arranjou. Vencemos na prorrogação por 6x5 e
a lição ficou...sem ser aproveitada pelos nossos jogadores, pois nos prélios
seguintes fizeram o mesmo, gostavam mais de zombar dos adversários do que meter-lhes
o ouro nas redes...
O
segundo jogo contra a Tche-Slovaquia um dos mais dramas que vivemos em campos
de futebol. Somente por um milagre o Brasil não foi eliminado, no entanto
poderíamos ter vencidos comodamente os checos, que eram vice-campeões mundiais.
Mas aconteceu que Zezé Procópío e Machado caíram no grave erro de se deixarem
expulsar de campo pelo juiz e ficamos com 9 jogadores. Felizmente nosso quadro
encheu-se de uma coragem leonina, como não vimos outro igual! Que espirito de
sacrifício! Em certa altura do 2º tempo
olhamos para o gramado e vimos – várias vezes – o quadro brasileiro reduzido a
7 homens! Dois estava atuando machucados e de instante a instante iam fora das
quatro linhas para serem socorridos! Em tais condições nossa derrota parecia um
fantasma a dançar no meio do gramado.!...
Continua.
(JORNAL DE HOJE)
Ademar Pimenta.
O treinador da seleção brasileira no mundial de 1938
Campeonato Mundial de
1938 na França.
O ano de 1938 trouxe
imensa felicidade ao futebol brasileiro, pois apesar de não ter tido sorte de ganhar
como merecia, a III Taça do Mundo, firmou enormemente seu prestigio mundial ao
ser um dos principais protagonistas da Fifa realizada na França, e do qual
voltamos 3º colocado.
Nesse ano, a entidade
de São Paulo passou a se determinar Liga de Futebol do Estado de São Paulo. À
presidência da Federação Brasileira de Desportos foi eleito o dr. Castelo
Branco e à da Liga de Futebol do Rio de Janeiro o dr. Mário Newton de
Figueiredo. O Botafogo inaugurou seu estádio.
Em março, decidido que
fora a participação do Brasil no magno torneio mundial, começaram os
preparativos para comparecermos dignamente. O dr. Luiz Aranha, presidente da
C.B.D. deu o máximo de seus esforços para que tudo fosse bem sucedido. O
técnico escolhido foi Ademar Pimenta, que após observar os craques do Rio e de
São Paulo, pôs mãos obra. Os treinos começaram, preliminarmente até que foi
decidido a concentração na cidade de Caxambú. Nesta localidade os treinos
prosseguiram satisfatoriamente. Nunca, aliás, o XI brasileiro contou com um
alto números de craques. Basta que se diga que o treinador tenho à sua
disposição o selecionado vice-campeão sul americano de 1937 e mais uma poderosa
seleção, quase todo formado por jogadores que haviam pertencido L.C.F. A
concentração durou mais de um mês. A escolha dos jogadores e a formação dos
dois times não foram custosas. Os últimos treinos se realizaram no Rio e em São
Paulo, causando profunda impressão o modo como funcionavam impecavelmente dois
conjuntos, sob as ordens do Ademar Pimenta. A ansiedade pela presença do
Brasil, unido e forte na Taça o Mundo, aumentou cada vez mais. Havia confiança
de sobra. O embarque foi marcado para o dia 30 de abril, no transatlântico
Arlanza. A chefia de delegação soube ao dr. Castelo Branco, a tesouraria ao sr.
Célio de Barros, que foi também o delegado brasileiro no Congresso da Fifa e a
quem coube lançar a candidatura do Brasil para sede da IV Taça do Mundo.
Thomaz Mazoni, Afrânio
Vieira, Everardo Lopes, foram os jornalistas da turma, e Gagliano Neto o locutor.
Na Europa auxiliaram a direção da delegação os senhores Sotero Cosmo e Armando
Ruy Barbosa, além de outros. Carlos Volante se tornou o massagista.
Valido chegou da Argentina para o Flamengo.
Finalmente, chegou o ano de 1937 e tivemos a solução de conflito esportivo que vinha perdurando desde de 1933. Entretanto, antes da pacificação, houve cisão no Rio Grande do Sul e no Paraná, não sendo encontrada a solução para o dissídio do Pará. Enfim, a família futebolística esteve conflagrada até o último momento do acordo.
A brecha para a paz
surgiu quando os campeonatos cariocas ficarem paralisados, o da L.C.F. por ter
dado margem à temporada do combinado “Becar Varela”, vindo de Buenos Ayres e
formado por elementos brigados ou à margem dos seus clubes. O campeonato da
F.M. também paralisou, quando o São Cristovão excursionou pela Africa. Em troca
da adesão dos gaúchos à especializadas, o Fluminense foi jogar em Porto Alegre.
Nesse ano, aumentou extraordinariamente o reforço dos quadros cariocas, não só
com o novo desfalque a dado dos clubes de São Paulo, como em prejuízo dos
clubes de Minas, e voltou também a intensificar a importação de jogadores
estrangeiros. Assim, os clubes de Minas começaram a não evitar o engajamento de
Perácio, Zezé, Niginho, Alfredo etc. Os clubes paulistas sofreram novos e graves desfaques Foram-se Tim, Brito etc. Da Argentina chegaram para os clubes do Rio,
os Santamaria, Cosso, Munt, Valido etc.
Como toda essa nova
onda de craques, os quadros cariocas começaram a transbordar de valores, e a
pacificação trouxe também um novo e grande impulso. O primeiro prélio Vasco x Flamengo,
após a paz, render 104 contos.
Jurandir
Uma das grande figuras do Brasil no Sul Americano.
Jogos Brasil no Sul
Americano de 1936.
Nossa estreia deu-se no
dia 28 de dezembro contra o Perú. Vencemos por 3x2, mas no Brasil não se deu
importância ao feito julgando que vencer por tão pouco um adversário sem muita cotação
não era proeza animadora...
O onze do Brasil jogou assim:
Rey. Jaú e Carbera. Dunga. Brandão e Afonso. Roberto. Bahia.
Niginho. Tim, e Patesko.
Os gols foram de
Roberto. Afonso e Niginho.
O jogo seguinte foi
contra o Chile. Impressionamos melhor pela realização do ataque. O conjunto
demostrou mais capacitado. A contagem foi 6 a 4 nosso favor.
Eis o quadro brasileiro:
Jurandir. Jaú e Nariz. Tunga. Brandão e Canali. Roberto.
Luizinho. Carvalho Leite. Tim e Patesko.
Gols de Luizinho 2.
Patesko 2. Carvalho Leite e Roberto.
Começou a ser o XI brasileiro taxado de maior concorrente, ao
lado da Argentina. No prélio seguinte, ontra o Paraguai, vencemos, por 5 a 0,
sendo o seguinte o quadro brasileiro:
Jurandir (Rey). Jaú e Nariz. Tunga. Brandão e Afonso (Brito).
Roberto. Luizinho., Carvalho Leite (Niginho). Tim e Paresko.
Os gols – Patesko (2).
Luizinho. Carvalho Leite.
Depois desse jogo iriamos entrar na reta do título, si
vencêssemos o Uruguai. Até então nunca o Brasil tinha vencido os uruguaios, no
campeonato Sul Americano, fora do nosso campo. Ganhamos por 3 a 2, apesar do
adversário ter feito seu tento inicial logo nos primeiros momentos da partida.
Eis o time brasileiro:
Jurandir. Jaú e Carreiro.Tunga. Brandão (Zazur) e Afonso.
Roberto. Luizinho (Bahia). Carvalho Leite (Niginho). Tim e Patesko.
Marcaram para o Brasil
– Carvalho Leite. Bahia e Niginho.
Esta vitória acabou
dando impulso aos brasileiros que passaram a liderar, invictos, o certame
devido a derrota da Argentina contra o Uruguai. O prélio final foi a
consagração foi a consagração do nosso XI que perdeu apenas de 1 a 0, jogando
tanto ou melhor que os adversários.
Os quadros:
Brasil – Jurandir. Jaú e Nariz. Tunga (Brito). Brandão e
Afonso. Roberto. Bahia (Luizinho). Niginho (Cardeal). Tim e Patesko.
Argentina – Bello. Tarrio e Irriberen. Sastre. Minela
(Lazzati) e Martinez. Guiata. Varallo. Zizaya, Scopelli e Garcia.
Tento de Garcia.
Juiz: Tejada (Uruguaio).
Perdemos este jogo e
empatamos o campeonato. Com melhor arbitragem o resultado poderia ter sido
outro, pois com um empate apenas seriamos campeões.
Foi necessário o desempate, cheio de incidentes desagradáveis,
sendo os brasileiros coagidos e maltratados pela torcida, jogadores e
policiais. O jogo terminou 0 a 0 ante a heroica defesa dos nossos. Prorrogado o
prélio por mais 30 minutos a situação não se alterou a princípio. A defesa
brasileira assombrava. Nos últimos dez minutos deu-se a vitória dos argentinos
por 2 a 0, após um duela dramático. Os quadros foram os seguintes:
Brasil – Jurandir. Jaú e Carnera. Brito. Brandão e Afonso.
Roberto (Carreiro). Luizinho (Bahia). Cardeal (Carvalho Leite). Tim e Patesko.
Argentina – Bello. Fazio e Torrio. Santre. Lazzati e
Martinez. Guaita. Varallo (De La Matta). Zozaya (Ferreyra). Cherro (Peucelle) e
Garecia.
Tentos de De La Mata.
Juiz: Mirabel
(uruguaio).
Os incidentes causaram indignação entre os esportistas e na
volta os craques foram alvo de grande recepção.
Os
melhores valores do Brasil foram: Jurandir. Jaú. Brandão. Patesko. Tim e
Luizinho.TIM
Um dos convocados para disputar o campeonato Sul Americano no 1936.
CAMPEONATO SUL AMERICANO DE 1936.
Desde 1925 não mais o
Brasil comparecera aos campeonatos sul americano de futebol. Nossa ausência da
Confederação Sul Americana, primeiro e, depois o isolamento voluntário fizeram
com que a C.B.D. perdesse o contato com o máximo certame do continente, que
aliás, de 1930 a 1934 esteve paralisado. Em 1936, o dr. Luiz Aranha, que vinha
dando a maior importância possível às relações internacionais, decidiu que o
Brasil participaria ou vez do campeonato.
Aliás, seu
comparecimento se impunha para ser prestigiada a C.B.D.. Ficou, pois, resolvido
que o XI nacional iria tomar parte do certame organizado pela entidade
argentina, em Buenos Ayres. Seria noturno, pela primeira vez. E também pela
primeira vez permitida a substituição de jogadores. Concorreram: Argentina,
Brasil, Uruguai, Peru, Paraguai e Chile.
A C.B.D. , logicamente
não contou com o concurso dos craques da L.C.F. e isso importava em não
incluírem no “onze” os melhores jogadores da época, pelo menos eram os mais
famosos. Julgou-se que pouco ou nada faríamos. Os maiores valores foram
aproveitados de São Paulo, quase todos os componentes da seleção brasileira de
1936. Os demais foram da Federação Metropolitana, um da entidade gaúcha e outro
de Minas.
A seleção ficou sob os
cuidados técnicos de Ademar Pimenta, que dirigira tão bem, o Madureira no
campeonato de 1936 quase campeão. Os jogadores escolhidos: Rey e Jurandir
(goleiros), Nariz, Carnera e Jaú (zagueiros), Tubga e Brito (médios direito).
Zazur e Brandão (centro médios), Afonsinho e Canale (médios esquerdos). Roberto
(extrema direita), Luizinho e Bahia (*meias direita). Carvalho Leite, Niginho e
Cardeal (centro avantes), Tim (meia esquerda), Carnero e Patesko (extremas
esquerdas). Após alguns bons treinos o selecionado seguiu para o Prata, sob a
chefia do dr. Castelo Branco.
Continua.
Do livro de Tomaz
Mazoni – A História do Futebol do Brasil.
FUNDAÇÃO DO SÃO PAULO
FUTEBOL CLUBE.
As primeiras reuniões
foram feitas no escritório comercial de Manoel Carmo Méca, situado à rua João
Bricola, 9º andar. Na brecha ficaram: Méca. Tenente Porfiro, Menzein, Matos
Vianda, Irmãos Toledo, monsenhor Bastos, Granvile, João Fernandes, João Iaia,
professor Barros, Maestre, Tomaz Mauri, Eolo Campos, Sprovieri, Alcides Borges,
Pereira Carneiro, Narvaes, Reis Neves, Jaime Roso, Edson Fonseca e muitos
outros adeptos da causa.
Passaram-se semanas
inteira de grande expectativa, e finalmente, chegou o dia histórico de 16 de
dezembro de 1935, dia de marcante significação histórica para o novo São Paulo
Futebol Clube., pois, à 20 horas, no escritório do dr. Silva Freire, situado á
rua Onze de Agosto, 9-A, reuniu-se o grupo heroico da fundação, debaixo da
descrença de alguns e indiferença de
outros.
Aprovados que foram os
estatutos, deu-se o início, então à eleição da primeira diretoria que ficou
assim constituída:
Presidente, Manoel Carmo Méca.
Primeiro vice-presidente, Alcides Borges.
Segundo vice-presidente, Pereira Carneiro.
Primeiro secretário, Eolo Campos.
Segundo secretário, Paulo Lima.
Primeiro tesoureiro, Arruda Nascimento.
Segundo tesoureiro, Isidoro Marcos.
Diretor geral de esportes, tenente Porfirio.
Cerca de 24 horas
termino a sessão debaixo de vivas ao clube, a São Paulo e ao Brasil.
O PRIMEIRO TÉCNICO DO SÃO PAULO
O INÍCIO DO SÃO PAULO
FUTEBOL CLUBE.
No dia seguinte da
fundação do São Paulo Futebol Clube, começou o intenso trabalho de formação do
novo “onze”, a cargo o tenente Porfirio da Paz e Méca que não pouparam esforços
para organizar o quadro titular. Enquanto Porfirio procura elementos na
Capital, Méca e Del Debbio dirigiram-se a Curitiba, afim de trazerem elementos
daquela Capital. Eles trouxeram King, José e Segôa. Formado o time, houve o primeiro
treino, na rua das Moóca, com o C. A.
Paulista, tendo havido o resultado de 7 a 3 a favor do São Paulo F.C.
Continuaram os trabalhos de formação do clube, sendo que a 31 de janeiro de
1936, houve filiação à Liga Paulista de Futebol. Dois dias após, isto é, a 23,
houve treino contra o Palestra, havendo o resultado de 3 a 2. Nesse dia
marcou-se a data de 25 para o jogo inaugural, aproveitando-se o motivo da mesma
ser da fundação da cidade de São Paulo. No dia 24 de janeiro, inaugurou-se a
nova sede, à Praça Carlos Gomes, 38.
A estréia do novo São Paulo deu-se no dia 25. No campo do Palestra, o São
Paulo F. C. enfrentou e venceu a A.A. Portuguesa Santista, pela contagem de 3 a
2. Momentos antes da abertura dos portões para esse jogo, chegou uma ordem expressa
da secretaria de Educação, proibindo a realização do jogo. Não precisa dizer o
abalo que o tal fato causou àqueles que esperavam o jogo e, maior abalo
sofreram os dirigentes. Não podia haver delongas, e o tenente Porfirio,
visivelmente contrariado com tal acontecimento, tomou um automóvel e dirigiu-se
à Avenida Paulista, onde estava se realizando uma parada militar. Chegando lá,
dirigiu-se ao palanque das autoridades e pediu ao dr. Cantidio, então
secretário de Educação, uma ordem para abrir os portões, ordem que foi escrita
em papel de receita do ilustre médico. Afinal... passado o susto, abriram-se os
portões, e realizou o 1º jogo, com ele a primeira vitória e com esta o estímulo
para as novas lutas.
HISTÓRIAS DO FUTEBOL
BRASILEIRO
YUSTRICH
O BRASILEIRO ERA O GOLEIRO DO BOCA JUNIOR.
TEMPORADA DO BOCA JUNIOR E RIVER PLATE.
Em 1935, causou
extraordinário êxito sob o ponto de vista técnico da temporada do Boca e do
River, de Buenos Ayres. A C.B.D. cumpriu sua promessa aos clubes que deixaram a
F.P.F. Fiz um grande esforço para trazer ambos os clubes. Assim, pela primeira
vez no Brasil, exibia-se a dupla mais celebre dos clubes argentinos. Ambos
estrearam no Rio e depois em São Paulo. A serie começou de jogos pelo Boca em
janeiro de 1935 ganhando espetacularmente do Botafogo por 4 a 0, causando
sensação. No prélio seguinte, o Vasco realizou uma bela proesa ao empatar em 3
a 3, quando perdia por 3x1. No último jogo, no Rio, o Boca derrotou o São
Cristovão por 6x1. Veio depois a São Paulo, precedido de enorme fama e parecia
que iria continuar invicto. No entanto o Boca, em São Paulo de um empate de 1 a
1 contra o Palestra e de uma derrota de 2 a 9 para o Corinthians, tendo trucado
o jogo nesse seu revés, quando da narração de um penal em favor dos corinthianos,
em pleno 2º tempo.
O River realizou mais
jogos. Derrotou, no Rio, o Botafogo por 4 a 2 e o Vasco por 3 a 1. Chegou a São
Paulo e, na estreia foi vencido pelo São Paulo F.C. por 2x1. A seguir, o River
venceu o Corinthians por 3 x 1 e o Palestra por 2 a 1. Regressou ao Rio e
enfrentou a seleção Rio-São Paulo, ganhando os brasileiros por 2 a 1.
Os quadros brasileiros
mais vezes assim:
Boca – Yustrich. Moysés e Valussi. Vernieri.Lazatti e Soarez.
Sanchez. Varallo. Caceresa. Cherro e Cusssatti.
River – Bossio. Juarez
e Cuello. Santamaria. Rodolfi e Wergifker. Lamas. Peucelle. Barnabé. Moreno e
Dorado.
Waldemar de Brito
Foi um dos titular da seleção ma Itália
O BRASIL NA COPA DE
1934.
O Brasil preparava-se
para concorrer ao II Campeonato Mundial, na Itália. Falou-se que o presidente
da República, dr. Getúlio Vargas, interveria para um acordo entre os dois lados
em desavença. Nada aconteceu. Da Argentina chegou um alto dirigente portenho, o
sr. Enrique Pinto que deu passos certos em prol da pacificação. Houve reuniões,
formulas de paz, parecia tudo caminhar bem, mas a iniciativa daquele dirigente
argentino acabou fracassando. Foi então firmado um convenio entre a F.B.F. e a
entidade profissional para a transferência de jogadores.
Para não falhar ao seu
compromisso de participar do II Mundial, na Itália, a C.B.D. teve que apelar
para todos os seus recursos na situação em que se achava. Em primeiro lugar,
faltava-lhe força técnica. Todos os melhores craques daquele tempo militavam na
F.B.F. e, somente o Botafogo, dos grandes clubes do Rio, estava ao lado da
C.B.D. Era preciso, pois, investir contra os clubes profissionais e tirar-lhes
os jogadores. Em vão a imprensa, pondo acima de tudo os interesses do futebol
brasileiro, clamou por um acordo. Porque ambas as facções não deveriam de se
unir para o XI do Brasil comparecer forte e unido no magno certame? Não seria
sequer necessária a pacificação, bastaria uma trégua, os clubes dariam seus
elementos e, na volta da Itália, a trégua terminaria. Nada foi obtido. A paixão
partidária cegou tudo. Nenhum acordo. A C.B.D., então, começou a tratar particularmente
com os jogadores visados. Leônidas e Tinoco, do Vasco, aceitaram a oferta. Rei,
o goleiro, esteve também para aderir, mas os dirigentes do seu clube o fizeram
desistir. No Rio, nada mais obteve a C.B.D. Maior sucesso colheu, no entanto,
em São Paulo, porém junto aos jogadores do São Paulo. Os jogadores do Palestra
visados foram levados para uma fazenda no Interior, afim de não serem
aliciados. O mesmo no entanto não com aconteceu com os jogadores sampaulinos:
Silvio. Luizinho, Waldemar de Brito e Armandinho. Estes desapareceram de São Paulo,
embarcando para o Rio, após o jogo do seu clube com a Portuguesa. Outros
jogadores tricolores não quiseram seguir. O escândalo não foi pouco. Do Sul a
C.B.D. obteve o com concurso de Luiz Luz e Patesko. Não era uma seleção ideal
aquela. Até amadores foram incluídos no quadro, a exemplo do goleiro Pedrosa,
então garoto e inexperiente. A alma orientadora da delegação foi Carlito Rocha,
já estão projetados como o mais intransigente defensor da C.D.F. A chefia da
delegação foi concedida ao dr. Lourival Fontes.
Partiu a delegação sob
pessimismo geral e o rancor dos ferrenhos defensores do profissionalismo. As
experiências do passado com campeonatos sul americanos e do próprio mundial de
1930, não nos fizeram esperar uma boa figura. Ademais, por uma infelicidade
única, o Brasil tinha sido colocado na “chave” forte do certame e lhe coube,
mediante sorteio, enfrentar, logo na primeira rodada a seleção da Espanha então
no seu auge e tido como uma das principais do campeonato, como realmente
resultou. Não escapamos da derrota.
Do livro de Tomaz
Mazzoni - História do Futebol do Brasil
– 1984-1950…
Batatais
Era uma das revelações do futebol paulistas.
PRIMEIRO RIO SÃO PAULO.1933.
Com a implantação do
profissionalismo nos dois principais centros do pais um novo e grande impulso
tomou conta do esporte-rei. Uma das principais bases instituída para um maior
progresso foi o campeonato Rio-São Paulo de clubes. Iniciativa arrojada, mas
que se tornou vitoriosa. Os clubes disputariam o campeonato regional e ao mesmo
tempo interestadual, isto e os jogos locais contariam para a certame Rio-São
Paulo. Os cotejos entre os clubes paulistas e cariocas revezariam, nos dois
turnos, o campo. O acordo foi completo, entre paulistas e cariocas, talvez
nunca como em 1933 as duas entidades se quiseram tão bem e trabalharem tão
unidas. Parecia que a velha e perniciosa mentalidade das rixas iriam
desaparecer para sempre. Haviam, afinal, compreendido paulistas e cariocas, que
rivalidade estivera em terreno errado. Nova vida se iniciava, os direitos eram
iguais e cada lado dava sua franca colaboração.
Os clubes começaram a
reforçar seus quadros com a pratica do engajamento. Em São Paulo, o fato de desistirem
cubes como o Germânia e o Atlético Santista e por ficarem, a margem o Juventus
e o Internacional, deu liberdade a muitos jogadores de qualidade. O “onze” do
Juventus foi totalmente aproveitado pelos grandes clubes, entre os quis se
destacaram Brandão, Hércules e Faffa. Do Interior e dos Estados chegaram também
excelentes craques (Batatais, Gabardo, Iracino, Dula, etc.) de modo que o São
Paulo formou um dos maiores esquadrões de todos os tempos, a Portuguesa revelou
um quadro que há muitos anos não se via igual e o Palestra se agigantou mais,
possuindo quase 3 titulares para cada posição! Ano feliz de super abundancia de
craques, tendo como ponta de diamante o fenomenal Valdemar de Brito, autor de
cerca de 40 gols entre campeonato, jogos amistosos e Rio x São Paulo. O único
clube que, tecnicamente, entrou em colapso (o ano mais doloroso da sua vida no
campeonato paulista) foi o Corinthians.
No Rio, o fato de o
profissionalismo não ter liquidado os pequenos clubes como o Bangu e o
Bonsucesso, fez com que os maiores quadros contratassem muito seus quadros.
Ademais, jogadores Domingos e Leônidas foram para o Uruguai, como também alguns
craques de São Paulo (Feitiço. Petro e Carlito) foram igualmente para o Prata.
Outros foram para a Europa, mas não se ligou muito. A situação técnica dos
clubes cariocas, no primeiro ano de profissionalismo, não foi dos melhores, e
em vista da irregularidade dos seus conjuntos, não foi difícil o
Bangu se impor sobre
todos, não só no campeonato carioca como no certame do Rio x São Paulo. O
campeão do torneio Rio São Paulo foi o Palestra e o você o São Paulo. O melhor
clube carioca foi o Bangu que ficou em quarto lugar. A primeira grande renda
que o profissionalismo produziu em São Paulo foi um jogo amistoso Corinthians e
São Paulo com cerca de 42 contos de réis.
Do livro de Tomas
Mazzoni – História do Futebol do Brasil
LEÔNIDAS DA SILVA
O ARTILHEIRO NOVATO DA SELEÇÃO BRASILEIRA
HISTÓRIAS DO FUTEBOL
BRASILEIRO. Copa Rio Branco de 1932.
Havia um compromisso da
C.B.D., aliás segundo o regulamento, para a segunda partida da “Copa Rio
Branco” ser disputada em Montevidéu. Ficou, pois, estabelecido, após, a devida
troca de correspondência, que os brasileiros viajariam para o Uruguai em dezembro
de 1932.
A situação não se
apresentava muito boa para a C.B.D. para organizar se quadro. Não contaria com
nenhum elemento paulista. A revolução, oi campeonato atrasado, os incidentes da
partida do dia 5 de julho, no Rio, não deram nenhuma esperança da A.P.E.A ceder
qualquer jogador. No Rio, a própria A.M.E.P., que tinha como presidente o dr.
Rivadavia Correa Meyer, não pôde dispor, no momento um punhado de seus melhores
elementos por diversos motivos. Assim, não seguiram os quatro mais famosos
atacantes cariocas: Nilo. Carvalho Leite. Preguinho e Russinho.
Isso veio levantar uma
onda de pessimismo. Ac seleção nacional seria organizada a base de gente nova.
Repetia-se o caso de 1923...Quase todos os que foram incluídos na turma iriam
se exibir pela primeira vez no estrangeiro. Leônidas, Domingos da Guia, Vitor e
Gradim, etc. nunca tinha saído do Brasil. O prélio ainda era contra os campeões
do mundo que absolutamente não estavam acostumadas a perder para ninguém em sua
casa. Ademais, os uruguaios estavam sequiosos de defender o revés de 2 a 0 na
primeira partida, no Rio.
A seleção ficou a cargo de Luiz Vinhaes, Píndaro de Carvalho
e Irineu Chaves, Castelo Branco, Manoel Cabalero e Alarico Maciel foram os
dirigentes. No dia 4 de dezembro se realizou a partida no estádio Centenário.
Os quadros entraram em campo assim constituídos:
Brasil – Vitor. Domingos e Itália. Agrícola. Martin e Ivan.
Valter. Paulinho. Gradim. Leônidas e Jarbas.
Uruguai – Michiavello.
Nazassi e Mascheroni. Campos. Gestidos e Lobos. Castro. Garcia. Dubaart. Céo e
Iturbide.
Os brasileiros
começaram a surpreender os adversários pela sua velocidade e improvisações.
Decorem 11 minutos quando Leônidas fez habilmente o primeiro 1º tento dos brasileiros. Foi impossível aos
uruguaios tentar estabelecer o empate. Aos 16 minutos de 2º tempo, Leônidas
culminava om o 2º tento. Somente depois os uruguaios marcaram um gol (Gracia).
Leônidas machucado, deu lugar a Benedito, vencendo os brasileiros por 2x1.
A vitória, em campo estrangeiro, somente era comparável ao
triunfo na Copa Roca de
1914, Buenos Ayres.
Vitor. Domingo. Martin. Leônidas e Jarbas foram os melhores valores do feito. Entretanto,
a façanha não terminou ai. O quadro passou a representar em seguida a A.M.E.A e
disputa mais dois jogos amistosos, contra Nacional e Penarol. Derrotou o
primeiro por 2 a 1 e o segundo por 1 a 0. Na volta os rapazes brasileiros
tiveram uma festiva e ardorosa recepção no Rio.
Luizinho.
Participou da Seleção Paulista.
1932 - Terminou o falso
amadorismo.
O ano de 1932 foi o
último do falso amadorismo. Houve, porém, à margem dessa transformação que se
aproximava inevitavelmente, uma verdadeira revolução tanto no futebol de São
Paulo como no Rio. Em São Paulo tivemos uma renovação profunda de valores. Os quadros
apareceram todos renovados, desaparecendo muitos craques da velha guarda, já
com idade avançada ou em decadência. Fatos está que se revelaram nesse ano
jovens campeões que foram incluídos na seleção paulista que foi apelidada
“seleção primavera”. Todos os quadros do campeonato apresentaram jovens
valores. No Rio, a mesma onda de renovação passou pelos clubes cariocas.
Glorioso ano quando se pensa pela primeira vez, após tantos anos e tantas feias
derrotas o seu selecionado venceu uma partida no campo paulista. E enquanto
isso culminava com a nova geração de “azes”, em Montevidéu, quase que o mesmo
onze vestindo a camiseta da CBD derrotando sensacionalmente o XI do Uruguai,
campeão do mundo, por 2x1, na segunda partida da partida da Copa rio Branco.
O primeiro jogo da seleção paulista, em noite fatídica, na
Floresta, foi um golpe tremendo, pois resultou na vitória dos cariocas, por
2x1.Nesse cotejo, de ambos os lados, houve muitas estreias de craques que mais
tarde seriam ídolos. Sio naquela noite estrearam na seleção de São Paulo
Junqueira, Tunga, Orozimbo, Romeu e Imparato, na do Rio estrearam Vitor,
Oscarino e Jarbas. Leônidas da Silva, a primeira vez quer, contra os paulistas,
em campos de São Paulo. Rico de estreia foi, pois, esse cotejo, o primeiro da
nova geração do futebol brasileiro. Todos craques recentemente
revelados, sendo porém
mais bisonhos os paulistas, alguns dos quais como Tinga e Imparato, jogavam no
ano anterior, na 2º divisão, Orozimbo, viera do interior, e dos demais apenas
Luizinho, Araken e Goliardo já tinha participado do selecionado. No lado
carioca, nenhum jogador tinha jogado contra os paulistas em 1929 ou 1930. Esse
quadro, pois quebrou a tradição a tradição da derrota carioca em São Paulo.
Custou caro, aos paulistas lançar em seu “onze” renovação. Um sacrifício
enorme, muito aborrecimento, mas valeu a pena, pois todos os recrutas da “seleção
primavera” se consagrava a seguir. O quadro carioca livrou-se do seu antigo
complexo ao sair do Rio, para jogar em São Paulo, fazendo jús à vitória com
muito merecimento.
Os selecionados foram
estes:
São Paulo – Moreno. Votarantion e Junqueira. Tunga. Goliardo
e Orozinbo. Luizinho. Armandinho. Romeu. Araken e Imprato.
Rio – Vitor. Domingos e
Zé Luiz. Agricola. Oscarino e Ivan. Valter. Leônidas. Carvalho Leite. Carola e
Jarbas.
A vitória por 2x1 foi
contestada com desespero pelos paulistas, mas o goleiro Vitor foi notável.
Junqueira em golpe infeliz, desviando um tiro de Jarbas, marcou p segundo tento
dos guanabarinos. Para a semana seguinte (5 de julho de 1932) foi marcado o
segundo jogo, desta vez, no Rio. Houve também surpresa, pois os paulistas
chegaram a vencer a partida por 3x0. Os cariocas reagiram, sob forte aguaceiro
e marcaram dois gols. A luta em pleno segundo tempo, chegou a ser intensa,
ameaçando os cariocas o empate, quando surgiu uma onda de hostilidades contra o
árbitro paulista com invasão de campo, agressões etc. O incidente fez com que
fosse truncado com o resultado de 3x2 favorável aos paulistas. Houve, por isso
discursões em torno da taça em disputa (Equitativa), ficando estremecidas ass
relações entre as duas entidades.
Os quadros:
São Paulo – José. Machado e Junqueira. Tunga. Goliardo e
Orozimbo. Luizinho. Baianinho. Romeu. Araken e Imparato.
Rio: Vitor. Domingos e
Zé Luiz. Agricola. Oscarino e Ivan. Valter. Nilo. Carvalho Leite. Preguinho e
Jarbas.
CARVALHO LEITE
UM DOS CRAQUES DA SELEÇÃO CARIOCA
CAMPEONATO BRASILEIRO
DE 1931.
Em 1931 aconteceu uma
sensacional vitória que os cariocas infligiram aos paulistas, no dia 6 de
abril, no Rio, por 6x1, prélio em homenagem ao Príncipe de Gales. A seleção
paulista inda contava com seus craques, antes do êxodo destes para a Europa.
Foi o primeiro grande revés que os cariocas impuseram aos seus rivais e o herói
desta partida foi Carvalho Leite, autor de cinco tentos. Os paulistas tiveram,
inda que aceitar a derrota no campeonato brasileiro, já desfalcados de seus
melhores elementos.
No campeonato
brasileiro efetuaram-se três partidas finais. Venceram os cariocas no Rio, 3x1.
Em São Paulo, os paulistas venceram por 3x0. Foi uma das mais impecáveis
partidas da série, de parte dos paulistas. Do começo ao fim lutaram com
exemplar fibra, sem fazer pausa na ofensiva. Somente o goleiro Veloso, em tarde
excepcional evitou um revés maior. Na última partida, no Rio, Leônidas, à
última hora, substituiu Nilo, adoentado, e abafou, fazendo dois dos tentos
guanabarinos.
No primeiro jogo:
Distrito Federal 3x1.
Os quadros -
Paulistas: Athiê.
Clodô e Barthô. Nerino. Gogliardo e Alfredo. Luizinho. Friedenrechi. Petronilo.
Feiiço e Siri.
Cariocas: Veloso. Domingos e Itália. Tinoco. Martim e Ivan.
Walter. Carvalho Leite. Russinho. Nilo. Russinho. Nilo e Teófilo.
Os pontos: Teófilo. Walter e Russino.
Juiz: Domingos Olmo.
Em São Paulo – São
Paulo 3 x Distrito Federal 0.
Os quadros –
Paulistas: Athiê. Clodô e Barthô. Osvaldo. Gogliardo e Alfredo.
Luizinho. Lara. Freidenrechi. Feitiço e Siri.
Cariocas: Veloso. Domingos e Itália. Tinoco. Martin e Ivan. Walter. Carvalho Leite. Nilo. Russinho e
Teófilo.
Os pontos: Freidenrechi 2 e Fetiço.
Juiz: Virgilio
Fredrighi.
No Rio – Distrito
Federal 3 x Paulistas 0.
Os quadros –
Paulistas: Athiê. Clodô e Barthô. Rossi. Gogliardo e Alfredo.
Luizinho. Lara. Friedenreich. Feitiço e Siri.
Cariocas:Veloso. Domingos e Hikdegardo. Hemorgenes. Martin e
Ivan. Walter. Leônidas. Carvalho Leite. Russinho e Teófilo.
Tentos: Leônidas 2 e Carvalho Leite.
Juiz: Virgilio
Fredrighi.
DEL DEBBIO
IMPLANTAÇÃO DO
PROFISSIONALISMO NA ARGENTINA.
A implantação do
profissionalismo na Argentina, em 1931, veio abrir uma nova faze na vida do
futebol sul americano. Foi o primeiro passo, e mais do que isso, o início deu
uma verdadeira revolução no esporte-rei do continente. Provavelmente, o êxodo
dos primeiros craques do Prata para a Europa muito influiu nessa decisão dos
clubes argentinos. Aliás, o “ falso amadorismo” estava no auge e o
profissionalismo não era nada mais do que acertar a situação já criada,
legalizar uma prática... Entretanto,
nada impediu que os clubes europeus notadamente os italianos, iniciasse, uma
verdadeira ofensiva contra os clubes sul americanos para lhe arrebatar bons
elementos. É possível que os clubes argentinos, já com os clubes presos a
contratos não sofressem maiores prejuízo, mas o mesmo não sucederia com clubes
brasileiros, notadamente os de São Paulo. Foram pilhados desprevenidos e quando
as ofertas chegaram os “azas” locais ninguém resistiu...
Não tínhamos
profissionalismo, ou por outra, os jogadores brasileiros não eram ainda
contratados e simplesmente inscritos como amadores. A FIFA não impedia que um
jogador sem contrato se transferisse para onde quisesse. Portanto, os clubes
interessados começaram a agir livremente, no Brasil, e os jogadores nenhum
obstáculo poderia se opor. Eram livres e a qualquer hora poderiam solicitar
passaporte para o estrangeiro. O Lazio, de Roma, contava já com dois
brasileiros, os “craks” Nininho e Ninão, do Palestra de Belo Horizonte. Aquele
clube visou visor quase todo o selecionado paulista. O estouro da bomba colocou
nosso ambiente em efervescência. Um escândalo dos diabos. Acolheram-se como uns
indivíduos desonestos e os jogadores fujões passaram a ser visto
como...traidores!
Foi um Deus nos acuda
quando se soube que iria embora metade do “esquadrão mosqueteiro” do
Corinthians, tri campeão paulista e outra porção do time do Palestra! Nada
houve que impedisse de viajar. Amilcar, o veterano capitão campeão, já
treinador, foi o primeiro contratado pelo Lazio.
Sem profissionalismo, o
futebol europeu começou a contratar os grandes jogadores brasileiros,
principalmente os de São Paulo.
Do Corinthians foram
visados Del Debbio, Filó, Rato e De Maria. Do Palestra: Pepe, Serafim e mais
Tedesco do Atlético do Atlético Santista, depois foi Ministrinho e outros e
mais outros. O então presidente do Corinthians, sr. Alfredo Schurig, fez todo
possível para o clube não sofrer tamanho golpe. Tudo em vão. O Palestra
remediou a situação, mas o Corinthians teve arruinado seu quadro.
No Rio, o golpe com a
perda de Fausto dos Santos e Jaguaré foi tremendo e escandaloso. Seguiu também
Giudicelli. Depois outros. Estes jogadores tinham ido com o Vasco à Europa e
resolveram ficar...
Do livro do Tomas
Mazzoni –História do Futebol Brasileiro – 1984-1959.
Domingos da Guia.
O mestre da Guia.
O APARECIMENTO DE
DOMINGOS DA GUIA E LEÔNIDAS DA SILVA.
O ano de 1931 foi um
dos mais prósperos para os cariocas e um dos mais sombrios para os paulistas
que ficaram sem muitos ídolos. No Rio, desabrochava aquela leva de campeões
suburbanos que trazia como pontas de diamantes Domingos e Leônidas. Foi o ano
da revelação definitiva desses dois super-craques de todos os tempos. Era a
época famosa dos “mulatinhos rosados”. Os quadros que tinham em seu seio maior
número de valores típicos da escola suburbana levaram a melhor.
Em São Paulo, a velha
geração dos campeões sul americanos de 1919-22, teve em 1931 seu canto de
cisne... A gloriosa geração chegara ao fim, depois de mais de 15 anos de
apogeu. Porém não se acreditava que fosse aquele o último ano. Todos os maiores
craques tinham, entretanto, bastante idade. De modo que deveriam desaparecer. O
êxodo dos craques mais jovem para a Itália, foi um mal agudo, enquanto que os
veteranos que ficaram ainda deram conta do recado, em 1931. Foi até incrível o
fato de na ponta dos artilheiros terem figurado outra vez Feitiço (39 gols),
Fried (32) e Petro (22). Era este o último ano que esse trio de formidáveis
goleadores figurava nos postos de honra do campeonato, e com u número de tentos
poucas vezes ou nunca igualado... Friedenreich, já estava com 39 anos de idade
e marcou 39 gols no certame paulista.
Os jogadores
super-veteranos como Grané, Tuffy, Clodô. Heitor, Aparício, Barthô, Fried e
outros, estavam nos seus últimos feitos gloriosos; mas sem alarde vinha se
aproximando a época da consagração dos Waldemar, Brandão, Luizinho, Romeu,
Junqueira, Zazur, etc. Somente estes deveriam fazer depois esquecer à torcida
grande pesar pela perda dos craques que foram para a Itália e pelo inevitável
declínio e desistência dos ídolos veteranos.
Do livro de Tomas
Mazzoni – Histórias do Futebol do Brasil - 1984-1950.
Preguinho
Autor do primeiro gol do Brasil em Copas do Mundo
O BRASIL NA COPA DO
MUNDO DE 1930.
A CBD a seleção de qualquer
maneira e enviou-a ao campeonato. Além de elementos então inexperientes e, portanto,
com um quadro sem altas capacidades técnicas, o Brasil teve um terrível inimigo,
ou seja, o frio intenso que reinou na capital uruguaia, entrando nosso quadro
em campo já derrotado pela temperatura frígida, na sua estréia contra a Iugoslávia,
adversário de segunda categoria.
Em conclusão: a turma
que nos representou no I Campeonato Mundial foi uma das mais fracas,
improvisadas e ineficiente de todas que até então saíram do Brasil. Para completar
o fracasso, basta dizer que são conjunto faltava, além de outros fatores favoráveis,
um importantíssimo: a confiança. Atuou a nossa turma sob grande desanimo,
segundo as declarações de Fausto, que ecoaram profundamente nos centros
esportivos de nosso país. A lição foi dura e causos os primeiros prejuízos
incalculáveis ao nome do futebol do Brasil.
Tremendo de frio, os brasileiros tiveram em grande parte do
jogo as iniciativas das ações, mas faltou-lhes jogo efetivo. Foram os iugoslavos
que iniciaram a contagem por intermédio do seu meia esquerda. Custou à nossa
seleção se refazer, tanto assim que coube ainda aos adversários obter o segundo
tento. No segundo tempo deu-se a reação dos brasileiros, que chegaram a dominar,
mas faltou a chance e somente fizeram um tento (Pregguinho), de modo que
perdemos de 2x1.
Eis os XI:
Joel. Brilhante e
Itália. Hermogenes. Fausto dos Santos e Fernando. Poly. Nilo. Araken. Peguinho
e Teofilo.
O Brasil que derrotou a seguir a Bolívia, por 4x0, não
conseguiu mais vencer o 1º posto do seu grupo e ficou à margem do turno final.
O prélio realizou-se no dia 20 de julho, A turma foi esta:
Veloso. Zé Luiz e Itália. Hermogenes. Fausto dos Santos e
Fernando. Benedito. Russinho. Carvalho Leite. Preguinho e Moderato.
Se o Brasil tivesse
jogado com essa seleção contra a Iugoslávia, provavelmente não teria perdido. O
campeonato foi a consagração de Fausto de Santos como cetro médio, apelidado de
“Maravilha Negra”.
Araken Patusca
O único jogador São Paulo na seleção de 1930
ANTES DO MUNDIAL DE
1930.
Infelizmente a
desavença entre a APEA e a CBD levou o Brasil a uma figura apagada no I
Campeonato Mundial de Futebol, realizado em1939, em Montevidéu.
Tudo já estava
preparado para ter início da fase de treinos para o nosso comparecimento, tanto
assim que os elementos de São Paulo chegaram a ser requisitados através do
seguinte telegrama:
“Confederação
Brasileira de Desportos – Rio de Janeiro, 7 de maio de 1930. Of. 883-30 – Exmo
sr. Presidente da Associação Paulista de Esportes Atléticos – Apresso-me em
acusar o recebimento dessa entidade, participando sua patriótica resolução de
suspender, após o dia 9 do corrente, os jogos do Campeonato de Futebol, dos
clubes dessa Associação, que derem elementos para os jogos do Campeonato
Mundial de Futebol. Tenho a grande satisfação em transmitir a v. excia, a plena
satisfação causada pelo ato da Associação de sua alta presidência, que aliás já
era esperada, ante as tradições dessa benemérita filiada. Peço a v. excia, a
fineza de providenciar para que estejam nesta Capital, 5º feira próxima, dia 12
do corrente, pela manhã, os amadores: Clodoaldo Caldeira, Armando Del Debbio,
Henrique Serafim, Pedro Rizet, Anfiloquio Marques, Heitor Marcelino Domingues,
Artur Friedenreich, Araken Patusca, Alexandre De Maria, Athiê Jorge Cury, Pedro
Grané, Amilxar Barbuly, Luiz Mesquita de Oliveira. Petronilo de Brito, e Nestor
de Almeida. Sendo desejo desta Confederação concentrar desde já os amadores que
vão a Montevidéu, peço também, a v. excia obsequio de empregar seus bons
ofícios no sentido de tornar efetiva aludida concentração, a partir da data
acima citada. Para governo e segura orientação desta presidência, solicito-lhe
se digne v. excia informar-me por telefone ou telegrama o êxito de sua ação,
afim de poder em tempo útil, cuidar da hospedagem dos amadores que aqui
permanecerão sob os cuidados imediato desta Confederação. Aguardando suas
notícias, prevaleço-me do ensejo para renovar os meus protestos de estima e
apreço. (a) Renato Pacheco – Presidente.
A questão em torno do
membro técnico da APEA que a CBD não concordou, deitou tudo a perder.
O único elemento
paulista que seguiu para Montevidéu foi Araken, porque havia se desligado do
Santos F.C. devido a uma desavença que surgira entre esse clube com ele e Sirí.
Dr. Píndaro de Carvalho
Participou da Comissão que organizou o selecionado brasileiro para a Copa do Mundo de 1930
CRISE ENTRE CBD E APEA.
Em 1930, surgiu outra
briga feia entre a CBD e APEA. Os paulistas, contrariados em seus interesses,
desobedeceram à CBD, e esta puniu a APEA.
A entidade de São Paulo
assim explicou sua atitude (Relatório oficial de 1930).
“Em princípios do
corrente ano, a diretoria da APEA pleiteou junto a CBD a nomeação de um membro de
uma Comissão da entidade nacional, encarregada de organizar o selecionado que
representaria o Brasil no I Campeonato Mundial de Futebol.
Essa pretensão da
Associação foi mal recebida pela CBD que primeiramente com protelações e afinal
com a recusa franca, indeferiu o nosso pedido. Nessas condições, a Associação,
para evitar a continuação das humilhações por que a CBD fazia passar, recusou
cooperar com seus jogadores para formar o selecionado brasileiro.
Finalmente no dia 12 de
junho de 1930 chegou a resposta da CBD, declarando que não podia atender ao
pedido da APEA, porque seus estatutos fixavam m 3 os membros da comissão e estes
já estavam nomeados e eram os sr. dr. Píndaro de Carvalho Rodrigues, dr. Egas
de Mendonça e Gilberto de Almeida Rego, esqueceu-se no entanto, o sr.
Presidente Da CBD que já tinha aumentando para 5 os membros da aludida comissão
, nomeado como adidos à mesma os drs. João Paulo Vineli e Fábio de Oliveira”.
A questão acabou numa
polêmica tremenda, como conforme de costume. A APEA queria um técnico seu na
delegação, a CBD não quis. A APEA caprichosamente não cedeu seus elementos. E
com essa intransigência dos dois lados o futebol brasileiro foi o único
prejudicado.
A CBD esperou até o
último momento, que os jogadores paulistas seguissem, mas perdendo a última
cartada, acusou a APEA de rebelde e castigou-a. Foi suspensa a entidade
paulista a 1 de agosto por 8 meses, 7 dias e 12 horas pelo Conselho de
Julgamento da CBD. A APEA, julgou o castigo injusto e ilegal.
Depois da vitória da
revolução, o “Globo”, vespertino carioca, que durante toda a discussão em torno
da questão entre CBD e APEA, para a formação do selecionado tinha sido
intransigentemente favorável à diretoria da CBD, dirigiu a esta um requerimento
solicitando que o Conselho de Julgamento concedesse uma anistia à APEA. Depois
de uma série de convocações em que o Conselho não se unia por falta de número,
foi afim realizada a reunião na qual os conselheiros deliberaram que não era de
sua competência, mas sim. Da Assembleia Geral o julgamento da petição de “O
Globo”.
Mas tarde, porém, tudo
acabou paz, como de outras vezes...
Do livro de Tomas Mazzoni
– História do Futebol do Brasil – 1984 a 1950.
AMADO
GOLEIRO DA SELEÇÃO DO DISTRITO FEDERAL
CAMPEONATO BRASILEIRO
DE 1928.
Entre os principais
acontecimentos se destacou o da ausência da APEA do campeonato brasileiro.
O sr. Renato Pacheco
prometera, em tempos, estudar a proposta feita pelos mentores apeanos para que
a final do campeonato brasileiro fosse disputada em uma melhor de três. E como
a CBD não houvesse resolvido o assunto, por ocasião da reforma das suas leis,
julgaram os mentores apeanos ver nisso uma desconsideração e resolveram que São
Paulo não participaria. Assim, pela primeira vez, os paulistas estiveram
ausentes do campeonato.
Houve um pedido do
presidente da federação gaúcha para transferir o jogo para quinta-feira à noite,
mas a delegação paranaense não aceitou, muito embora a CBD estivesse de pleno
acordo. Os gaúchos jogaram com nove elementos e perderam. O Paraná após vencer
o Pará colocou-se para a finalíssima com o Distrito Federal.
A classificação do
certame de 28 foi esta:
Campeão do Sul – Paraná.
Campeão do Norte – Pará.
Campeão do Nordeste –
Bahia.
Jogo final – Distrito Federal 5 x Paraná 1.
Os quadros foram estes:
Carioca – Amado. Penaforte e Hélvio. Nascimento. Floriano e
Fortes. Pascoal. Nilo. Rogério. Artur e Teofilo.
Paraná – Budant. Cuka e
Pizzato. Fachini. Ninho e Corruira. Laudelino. Marreco. Emílio. Stacco e Mota.
Os cariocas
conquistaram assim o título de campeão brasileiro de 1928.
Feitiço
Um dos revoltados da seleção paulista.
CAMPEONATO BRASILEIRO DE 1927.
Para o Campeonato
Brasileiro de 1927, a C.B.D, resolveu adotar uma novidade. Todos os jogos
seriam disputados, no Rio. Por isso, as delegações participantes se reuniram no
Distrito Federação. Os finalistas, mais uma vez, foram as seleções paulistas e
cariocas. Na decisão, os cariocas venceram por 2x1. Os gols: Osvaldo e Fortes
de penal cariocas; Aparício paulistas. Juiz: Ary Amarante.
Os quadros: Cariocas – Amado, Penaforte e Hélcio. Alberto. Floriano e
Fortes. Pascoal. Osvaldo, Nilo. Bahiano e Modero.
Paulistas: Tuffy.
Bianco e Grané. Pepe. Amilcar e Serafim. Aparício. Heitor. Petronilo. Feitiço e
Evangelista.
Sobre o feio incidente
do truncamento do prélio, ao faltarem cerca de 12 minutos para o fim (o
Presidente da República, dr. Washington estava presente) eis que foi testemunho
do árbitro: “ao ser dado um centro pelo
extrema Pascoal Silva, o player Bianco entrou sobre a bola pois viu Osvaldo na
iminência de conquistar o ponto, tocando com o braço direito em ângulo como
quem queria segurá-la, falta esta que oi próprio jogador confessor mais tarde
ter praticado, resolvendo, então, o juiz assinala-la no momento preciso. Uma
vez marcado, os players Amilcar Barbury, capitão da equipe, Tufy, Luiz Mattoso
(Feitiço) e Pedro Rizetti e Pedro Grané insurgiram contra a decisão, não
permitindo a execução da penalidade, alegando não havia o juiz marcado, a seu
favor, outras idênticas. Não sendo atendido – diz o juiz – dirigi-me ao capitão
do quadro, sr. Amilcar Barbury, fazendo ver que a penalidade tinha que ser
batida, e que seus elementos se recusavam a permitir, ao que me retrucou, ele
com certa insolência: A penalidade não será batida”. Diante deste lamentável
gesto, apelei para o diretor de esportes da Confederação, sr. Horácio Verner,
que, procurando os jogadores, pediu-lhes que acatassem a minha decisão. Não foi
também atendido, tendo até, os jogadores neste momento proferido palavras de
baixo calão, notadamente os players Amilcar Barbury, Tuffy Neugen e Luiz Matoso
(Feitiço)”
“Precisamente neste
momento, intervieram os diretores da APEA, srs. Ênio Juvenal, o chefe da
embaixada, dr. Guilherme Gonçalves, presidente da entidade paulista e o dr.
Renato Pacheco, presidente da Confederação, os quais em tom de apelo,
aconselharam o acatamento da minha decisão. Foram, também, desatendidos com
palavras descortezes e idênticas à já aludidas. Como os revoltosos continuavam
declarando que não permitia a cobrança da penalidade nem se retiravam de campo,
apelei para o dr. Cobra Olyntho, delegado do 9º distrito policial, que dirigia
o policiamento, para que fizesse cumprir a minha ordem, no que fui atendido com
a retirada imediata destes indisciplinados jogadores. Após este ato mandei
bater o penal o que resultou o segundo ponto carioca, ficando o quadro paulista
fora do campo por indisciplina. Dei a vitória pois ao quadro da AMEA pela
contagem de 2x1”
Feitiço
Atacante da Seleção Paulista.
CAMPEONATO BRASILEIRO
DE 1926.
O Campeonato Brasileiro serviu para
solidificar o prestígio da Apea, abalada com a guerra da outra entidade. Isso
porque os paulistanos reconquistaram o título nesse ano, após a vitória dos
cariocas em 24 e 25. Apea, pois, com a sua seleção, sem os supercraques do
Paulistano, foi capaz de vencer o campeonato, causando ótimo impressão. Mas,
então a Apea formou um trio central magnifico: Heitor. Petro, Feitiço.
Resultado: 3x2. Todavia, os cariocas contestaram o ultimo tento. Exibiram uma
fita onde queriam que aparecesse uma falta no goleiro do Rio antes da bola
entrar. O gol ficou conhecido como o tento cinematográfico! A arrelia não foi
pequena...Final – Cariocas 2 x Paulistas 3, no Rio.
São Paulo – Athié. Grané e Biano. Pepe. Amilcar e Serafim.
Bisoca. Heitor. Petro. Feitiço e Mele.
Distrito Federal – Amado. Penaforte e Hélcio. Nascimento.
Floriano e Hermogenes. Pascoal. Lagarto. Nonô. Russo e Moderato.
Os gols: Feitiço. Petro
e Heitor, paulistas. Pascoal 2, cariocas.
Leite de Castro, um
desportista “gentleman”, foi o juiz escolhido em 1926, aliás, o mesmo do ano
anterior. Desta vez, Leite de Castro apitou a vitória dos paulistas e atraiu
sobre si as iras de alguns craques perdedores, entre eles Pascoal. Leite de
Castro, ao ver-se ofendido, reagiu à altura, como homem e como desportista e,
depois, nunca mais tomou do apito.
As cifras do campeonato
foram as seguintes:
Campeão absoluto – São Paulo.
Campeão do Norte – Pará.
Campeão do Nordeste – Bahia.
Campeão do Centro – Distrito Federal.
Campeão do Sul – São
Paulo.
O campeonato carioca de 1926 foi vencido pela primeira vez
pelo São Cristovão. O clube alvo disputou os seguintes jogos:
Primeiro turno – Venceu
o Vasco por 2x1; Flamengo 3x0; Botafogo 6x3; Sírio 3x0; América 3x1; Vila Isabel
3x2 e Brasil 8x2. Perdeu para o Fluminense 6x2 e empatou com o Bangu 2x2.
Segundo turno –
Vitórias sobre o Fluminense 4x2; Bangu 2x0; Flamengo 5x1; Botafogo 4x3; Sírio
7x5; Vila Isabel 2x1 e Brasil 6x0. Perdeu para o Vasco 3x2 e empatou com o
América 4x4. Se maior adversário foi o Vasco, vice-campeão. O XI são
cristovense foi este: Paulino. Povoas e Zé Luiz. Júlio. Henrique e Alberto.
Osvaldo. Jaburu. Vicente. Artur e Teofilo.
Do livro de Tomaz Mazzoni – A história do futebol do Brasil – 1984-1950.
Tuffy
O goleiro da Seleção Brasileira.
CAMPEONATO SUL
AMERICANO DE 1925
As bias relações com a
entidade argentina oficial obrigou a C.B.D. a comparecer ao Sul Americano de
1925, em Buenos Ayres. O Uruguai não compareceu por estar às voltas com a sua
pacificação. Após o campeonato brasileiro, começou o preparo. Surgiu a ameaça
do Paulistano não colaborar, mas o alvi-rubro declarou que apesar de brigado
com a Apea, forneceria seus elementos. A convocação dos jogadores foi feita com
todos os defeitos daqueles tempos. Si um clube não quisesse ceder seus
elementos não era obrigado. Por exemplo, nos treinos do selecionado paulista e
campeonato brasileiro, o Sírio recusara mandar seus jogadores.
A C.B.D. escalou os
craques, mas isso sob o critério e sob a impressão do que se vira nas duas
partidas finais do campeonato nacional. Vários famosos campeões, como Amilcar,
Barthô e Neco, ficaram de fora. Prevaleceram os jogadores do Rio. Um quadro
muito forte, sem dúvida, de valores individuais, mas desacertado na sua
organização da defesa. Muito ao contrário sucedeu com o ataque, tido como uma
perfeição provavelmente o melhor do campeonato, tanto assim que nas 4 partidas
realizadas não sofreu modificações nenhuma. O mesmo não sucedeu com a defesa. A
cada jogo era modificada, sem nunca acertar. Isso fez com que a seleção
brasileira não vencesse o campeonato. Entretanto, algo pior se passou com a
disciplina da turma que foi a pior possível, ocorrendo episódios desagradáveis
no seio da delegação que muito afetaram o moral do “onze”.
Nossa estreia foi
contra o Paraguai e vencemos por 4x2, gols de Lagarto, Fried, Filó e Nilo. No
prélio com a Argentina, fracassamos lamentavelmente. Perdemos de 4x1, gol de
Nilo. No segundo prélio contra o Paraguai o Brasil venceu por 3x1 gols de
Lagarto 2 e Nilo. Chegou o último prélio contra a Argentina. Si vencêssemos, o
campeonato terminaria empatado. O quadro deixou suas indisciplinas de lado e se
encheu de brios, dispostos a derrotar os argentinos. De fato, Nilo e Fried
colocaram o Brasil em vantagem por 2x0. Diante disso começou a violência dos
argentinos. Mutiis fez tudo para hostilizar e agredir Fried. Nasceu um sério
incidente com invasão de campo. Começou a baixar a resistência dos brasileiros
e os argentinos puderam empatar o jogo e se classificar campeões. Os quadros do
último jogo foram estes:
Brasil: Tuffy.
Penaforte e Hélcio. Nascimento. Rueda e Pamplona. Filó. Lagarto. Fried. Nilo e
Moderato.
Argentino: Tesoieri.
Bidoglio e Muttis. Medici. Vaccaro e Fortunato. Tarasconi. Cerroti. Seoane. De
Los Santos e Bianchi.
Nesse ano a C.B.D não
teve seus pontos de vista aceitos no Congresso Sul Americano e desligou-se da
C.S.A.F.
Nonô
Atacante do Flamengo e da seleção carioca
CAMPEONATO BRASILEIRO
DE SELEÇÕES de 1925.
O Campeonato brasileiro
de seleções foi ganho novamente pelos cariocas. Flamengo e Fluminense formaram
com seus jogadores o selecionado campeão com a seguinte constituição: Haroldo.
Penaforte e Hélcio. Nascimento. Floriano e Fortes. Newton. Candiota. Nonô. Nilo
e Moderato. Os Estados que participaram foram os seguintes: Distrito Federal,
São Paulo, Espirito Santo, Paraná, Minas, Estado do Rio, Paraíba, Pernambuco,
Bahia, Ceará, Rio Grande do Sul e Amazonas.
Depois da fase de classificação as zonas deram os seguintes
campeões:
Campeão do Norte – Pará.
Campeão do Nordeste – Bahia.
Campeão do centro – Distrito Federal.
Campeão do Sul – São
Paulo.
Pela primeira vez houve
um desempate de campeonato, desempate, aliás, sensacional. O empate no primeiro
jogo foi tido como insucesso pelos paulistas, daí a substituição de
Friedenreich. Este havia jogada aquém de suas possibilidades, contrariado pediu
dispensa alegando estar doente. Petronillo foi no seu lugar, estreando contra
os cariocas e no campeonato brasileiro. Foi vítima da sua estreia. Os paulistas
perderam após luta épica, por 3 a 2, sendo o tento da vitória de autor ado
Moderato.
A crônica do desempate
foi assim registrada os jornais de 1925.
Parte do comentário de
um Jornal.
“RIO, 20 (A) – Com o
jogo realizado hoje, no estádio do Fluminense, entre as representações do
Estado de São Paulo e do Distrito Federal, terminou a disputa Campeonato
Brasileiro de Futebol, que ficara empatado em luta anterior, entre as duas
representações.
Na partida de hoje houve um vencedor e a vitória alcançada pela
representação carioca foi brilhante. A contagem de 3 a 2, a favor dos cariocas,
que se verificou no final da pugna, foi o justo prêmio a um quando que durante
o seu desenrolar, atuou com muito mais eficiência e melhor técnica. Para a
enorme assistência, calculada e cerca de 35 mil pessoas, que do Estádio do
Fluminense apreciou a grande luta, não existe outra afirmativa do que a de ter
a representação carioca bem merecido a linda vitória que conquistou. Da turma
vencedora há um jogador que merece as honras do jogo. Esse foi Moderato. Sem
medo de errar, pode-se afirmar ter sido o mais completo jogador do embate. O
jogo teve no desportista sr. Leite de Castro, um juiz imparcial e magnifico em
todas suas decisões.
Do livro de Tomaz Mazzoni – A história do futebol do Brasil – 1984-1950.
A delegação do Paulistano antes do embarque para Paris
Foto do livro da história do Paulistano, um clube que cresceu com a cidade.
A TEMPORADA DO PAULISTA
PELA EUROPA.
Desde o início do ano
de 1925 começava a criar vulto notícia de uma temporada do Paulistano a Europa
até que a notícia foi confirmada. O alvi-rubro do Jardim América realizaria,
afinal, tão excepcional empreendimento. Seria o primeiro clube brasileiro a
através do Atlântico. Os preparativos foram febris. Laborioso o trabalho de
organização. Tudo preparado para fevereiro.
Infelizmente, um único
craque não pôde seguir: Formiga. Mas, o Paulistano iria bem reforçado. Nestor e
Barthô eram seus novos jogadores, ambos desligados do São Bento. Arakem do
Santos. Miguelzinho do Ipiranga. Junqueira e Seabra, do Flamengo. Cresceu
extraordinariamente o interesse pela excursão.
Finalmente, o
“Relatório do Paulistano”, de 1915, historiou a grande temporada como segue: “
Por ocasião das suas viagens à Europa, o nosso presidente, sr. Antônio Prado
Junior, pôde, várias vezes, observar a superioridade do jogo do futebol
brasileiro sobre o dos povos do Velho Continente, o que lhe inspirou a ideia de
levar daqui uma turma de jogadores, com o fim de fazer do Brasil, por meio do
esporte, uma propaganda eficiente, quer com o objetivo de proporcionar uma juta
recompensa aos elementos do clube, que desde anos vinham dando para o seu
progresso, incansável dedicação.
Esse projeto,
cuidadosamente elaborado, foi afinal posto em pratica em princípios de 1925. Achando-se
na França, o sr. Antônio Prado Junior fez a negociação com os poderes
esportivos franceses, encontrando da parte do Stade Français o acolhimento mais
animador e o tratamento mais cavalheiresco. E assim, telegrafando para o
Brasil, fez com que iniciasse aqui os preparativos da partida, nos quais
trabalharam de modo decisivo, o vice-presidente, o 2º tesoureiro e o diretor
esportivo do clube. A este foi cometida a espinhosa incumbência de levar a
delegação à Europa. Partiu ela de São Paulo no dia 10 de fevereiro, assim
composta:
Orlando Pereira, chefe;
Sérgio Pereira, capitão do quadro; Julio Kunz Filho, Nestor de Almeida,
Clodoaldo Caldeira, Bartolomeu Gugani, Caetano Caldeira, Mauricio Vilela,
Epaminondas Mota, Francisco Abate, João Mestre Aligoste, Ernesto Pujol Filho,
Antônio Carlos Seixas, Artur Friedenrech, Mário Andrade e Silva, Anfiloquio
Marques, Araken Patusca, dr. J.J. Seabra, dr. Durval Junqueira Machado, Miguel
Feite, Luis Lopes de Andrade.
Acompanharam a
delegação as sra. Sérgio Pereira, Julio Kunz Filho e Mário V. de Macedo, do São
Paulo Esportivo.
(continua).
Do livro de Tomaz
Mazzoni – História do Futebol do Brasil – 1984-1950.
A TEMPORADA DO PAULISTANO NA EUROPA.
(continua)
A viagem foi feita no
vapor holandês “Zeelandia”, não foi das mais apreciáveis, mas todos chegaram a
Cherbourg em boas condições de saúde, depois de ter sido a delegação objeto de
muitas distinções dos clubes cariocas Fluminense e Flamengo, e de grande
interesse na Bahia, em Pernambuco e em Portugal, onde, de passagem foi
convidado parta disputar jogos no regresso.
De Cherbourg a
delegação partiu para Paris, onde chegou na noite de 1 de março, sendo recebido
na estação de Saint-Lazere por numerosos elementos da colônia brasileira,
fazendo-se representar no desembarque o nosso embaixador em Paris, dr. J.M.de
Souza Dantes. Hospedou-se no hotel de Mont-Thabor, ponto central, onde sempre
foi muito visitada não só por brasileiros domiciliados e de passagem pela
França, como também por esportistas franceses, jornalistas e correspondentes
telegráficos, sem falar de emissários que tratavam de arranjar jogos em vários
países da Europa, como Espanha, Alemanha, Dinamarca e Áustria.
Em Paris a delegação
visitou os jornais que lhe fizeram todos boa acolhida, a embaixada e o
consulado brasileiro. Foi recebida com muito carinho, na sede da Federação
Française de Football Association e, poucos dias da sua chegada, o Stade
Français lhe oferece um lado almoço, na sua bela sede de Saint-Cloud.
O primeiro jogo estava
marcado para 15 de março. Havia, portanto duas semanas para o preparo dos
jogadores sendo este tempo aproveitado em exercícios individuais, feito ora no
campo de Buffalo, onde ia se realizar o jogo de estreia, ora num dos campos do
Stade, em Saint-Cloud. A estação era desfavorável, pois estava na passagem do
inverno para a primavera, sendo frequentes os dias de chuva., em alguns deles
caindo neve. Os jogadores, entretanto, graças ao assíduo cuidado dos diretores
do Paulistano, então da Europa, srs. Prado Junior, Mariano Procópio e Orlando
Pereira, que não os deixavam um instante, resistiram brilhantemente ao período
de adaptação, não se registando nenhum incomodo ou doença.
Poucos dias antes do
jogo o presidente da Federation Française de Football, também presidente da
Federation Internacionale, com sede em Amsterdam, ofereceu a diretoria do
Paulistano e aos jornalistas brasileiros que acompanhavam a delegação, um
almoço, que se realizou no meio da mais franca cordialidade. Retribuindo à
gentileza, a diretoria do Paulistano convidou aqueles diretores para outro
almoço, igualmente íntimo e que decorreu muito animado. Depois, ainda ofereceu
outro almoço à imprensa francesa e aos correspondentes telegráficos, havendo
nesta reunião a mais sincera confraternização.
Do livro de Tomaz
Mazzoni – A História do Futebol do Brasil – 1984-1950.
(continua).
Foto do livro da história do Paulistano, um clube que cresceu coma cidade.
O Paulistano em campo para enfrentar a Seleção da França.
Foto do livro - Paulistano, um clube que cresceu com a cidade.
A TEMPORADA DO
PAULISTANO PELA EUROPA.
O jogo de estreia
despertou extraordinário interesse na capital francesa, já que havia enorme
curiosidade de se conhecer a atuação dos brasileiros precedida de brilhante
renove, já porque se achavam na França, jogando, os uruguaios que, no ano
anterior, na VIII Olimpíadas. Tinham ganhado o campeonato mundial de futebol, o
que chamara a atenção geral para o futebol sul americano.
O encontro de estreia
foi entre o Paulistano e o selecionado representativo da França realizado no
grande campo do Bufalo, às portas de Paris. A assistência foi avultadíssima,
uma das maiores registradas na França, tendo comparecido o Ministro do Brasil,
dr. Souza Dantas, o ex-presidente do São Paulo, então candidato à presidente do
Brasil, dr. Washington Luiz, o príncipe D. Pedro de Orleans e Bragança e o
prefeito de Paris e o representante oficial do governo francês, além de toda
colônia brasileira, contando-se, mesmo, muitas pessoas vindas do interior da
França e até da Suíça, só para assistir o encontro.
As condições
atmosféricas eram-nos desfavoráveis, pois fazia muito frio e caia neve. O
campo, pelo seu mal estado de conservação, representava, para os nossos, grande
desvantagem. O encontro desenvolveu-se normalmente, estando os quadros assim
constituídos:
Paulistano: Nestor.
Clodoaldo e Barthô; Sergio. Nondas e Abate; Filó, Mário, Friendereich, Arakem e
Netinho.
Selecionado francês:
Cottenet, Vignoli e Manzana; Dupoix. Bel e Bonnardel; Cordon, Aceard, Liminana,
Bardot e Gallay.
O resultado foi de 7
pontos a 2, favorável aos brasileiros. Mereceu esta vitória os mais francos
elogios da imprensa e dos desportistas franceses, tendo extraordinário relevo
nos jornais brasileiros e argentinos. Aqui, no Brasil, a impressão foi enorme.
Em Paris causava grande sensação a excelente estreia, cujo valor está bem
evidenciado no título com que um dos maiores matutinos franceses, “Le Journal”,
crismou os jogadores do Paulistano, chamando-os
“Les Rois du Football”.
Dois dias depois deste
triunfo o embaixador do Brasil, Dr. Sousa Dantas, oferecia a delegação
brasileira um baquete, em que tomaram parte todos os elementos dela e as
personalidades mais em destaque na imprensa no esporte da França, achando-se
presente, também, muitos jornalistas correspondentes ingleses e
norte-americanos.
(continua)
O Paulistano em Paris.
Foto do livro - Paulistano, um clube que cresceu com a cidade.
A TEMPORADA DO PAULISTANO
PELA EUROPA.
O jornal Petit
Parisiense comentou o jogo no dia 16 de março.
“O Brasil apresentou
homogêneo e de com folego, no qual, além de Barthô, pode-se distinguir
Friedenreich, Arakem, Filó e Clodoaldo”.
Le Moroir des Sports
também comentou a goleada do Paulista no dia 18 de março.
“Os brasileiros de
certo que jogam bem. Sabem correr, marcar, passar a um ponto determinado, mudar
o sentido dos ataques, proceder por ofensivas curtas e precisas, e enfiar a
bola no arco. Seu centroavante Artur Friedenreich vê claro no campo; ele alimente
ora uma ala oro a extrema oposta. Seus parceiros da linha de avante conhecem
também o futebol, e compreendem o seu papel. O melhor deles foi Araken. O
zagueiro esquerdo Barthô Obteve, com seu jogo decidido, suas intervenções
oportunas e seus bons desembaraços, os justos aplausos da multidão”
Alguns dias mais tarde
houve outra recepção, na sede do Cercele Interalliés, oferecida pela colônia
brasileira e que se revestiu da mais alta distinção e franca comunicabilidade.
No dia 22 de março o
Paulistano disputou o último jogo em Paris. Encontrou-se, ainda no campo do
Bufalo, como quadro do Stand Française, um dos mais fortes clubes da França,
num dia chuvoso, também de neve. Ganhamos por 3 pontos a 1. Termina do o
encontro a delegação ofereceu um jantar, realizado no Hotel Montehabor e que
foi mais um motivo para estreitar os vínculos de simpatia, amizade e
colaboração existentes entre os dois clubes.
No domingo seguinte, 29
e março, o Paulistano jogou em Cette contra o Cette F. C. , clube local. Foi
vencido por ponto a zero. Depois do jogo houve, entre os jogadores dos clubes
troca de gentilezas, partindo o Paulistano, na mesma noite para Bordéus. Aí, no
dia 2 de abril, encontrou-se coma A. C. Bastidiene, batendo-a por 4 pontos a 0.
Na própria manhã do jogo os estudantes e moços formados na delegação, em número
de onze, foram solenemente recebidos na tradicional universidade de Bordéus.
Como candidatos e portadores de títulos científicos. Dentre todas as delegações
que então visitaram a Europa só a do Paulistano mereceu alta e especial
distinção.
Do livro de Tomas
Mazzoni – História do Futebol do Brasil - 1984-1950.
(continua)
A torcida francesa assistindo o show dos brasileiros.
A TEMPORADA DO PAULISTA
NA EUROPA.
De Bordéus a delegação
voltou para Paris para no dia 5 de abril ire a Havre, jogar contra o A.C. do
Havre, que venceu por 3 pontos a 1. Não houve festa, nem visita, porque havia falecido,
na véspera do jogo, o presidente do clube.
Voltando à capital, o
Paulistano preparou-se para a parte mais difícil de sua visita. Tratava-se de
sair da França, ir à Suíça, onde se encontravam alguns dos melhores jogadores europeus.
A delegação saiu de Paris, passando primeiro por Strasburgo, onde teria de
jogar contra A. A. Strasburgo, tendo nesta cidade recepção realmente
impressionante, pois recebeu um convite especial para visitar a Prefeitura,
onde foi recebida como hospede da cidade, visitando, depois, alguns grandes
estabelecimentos industriais e indo alguns rapazes ao território alemão do
outro do Rheno. O jogo foi ganho pelo Paulistano por 2 pontos a 1.
Na mesma noite do
encontro o clube deixava Strasburgo, indo para Berne, capital da Suíça onde
chegou de madrugada, jogando no mesmo dia, contra o A. C. Berne, do qual ganhou
por 2 pontos a 1. Ao encontro assistiu o presidente da Confederação Helvética,
sr. Musy. O Paulistano foi objeto de distinção especialíssima. O nosso
ministro, Dr. Raul do Rio Branco, deu a mais cordial acolhida. Na recepção,
compareceu o presidente da Suíça e estiveram presentes várias figuras de
destaque na política helvética.
De Berne fomos a
Zurich. Aí culminou a nossa “tournée” pois enfrentamos, praticamente, o selecionado
nacional suíço composto, em grande parte, de jogadores do Young Fellows e do
Grasshoppers, vencendo-o em brilhante luta, por 1 ponto a 0. De volta Paris o
Paulistano preparou-se para o regresso, a despeito de contar inúmeros convites
para jogar em outros países. Tinha, na França, um último jogo, em Ruão, contra
o F. C. Ruão, jogo realizado em 19 de abril e do qual saímos vencedores por 3
pontos a 2.
Na véspera da nossa
partida, O Stade Français ofereceu um jatar aos diretores do Paulistano,
fazendo-se, nesta oportunidade, as nossas despedidas. Deixamos Paris no dia 23
de abril, embarcando em Cherbourg, no paquete holandês “Flandria”, a bordo do
qual nos cumularam de gentilezas.
De passagem por Lisboa
tivemos, a rogos instante das autoridades portuguesas, de ir à terra disputar
um jogo contra o selecionado português, jogo que vindo entabolado negociações
desde da nossa passagem, na ida, pela qual lusitana. Ganhamos por 6 pontos a 0.
(Continua).
Paulistano no dia de sua despedida de Paris como "Os Reis do Futebol"
Foto do livro - Paulistano, um clube que cresceu com a cidade.
TEMPORADA DO
PAULISTANO PELA EUROPA (FINAL).
No nosso regresso, ao
passar pela costa brasileira, tivemos comovente recepção na Bahia, sendo
oferecido, pelas entidades locais, um valioso mimo. No Rio, porém, foi um
verdadeiro delírio que receberam os nossos jogadores, oferecendo-lhes a
Confederação Brasileira de Desportos um grande banquete. Fomos a toda parte,
cumulando, recebendo muitos mimos, a prova de admiração.
Em São Paulo tivemos,
tanto em Santos como na Capital, recepção francamente entusiástica, da qual se
encarregou a Associação dos Cronistas Esportivos. E durante bastante tempo
depois da nossa chegada, multiplicaram-se as manifestações de amizade com que
todos nos distinguiram.
Prendendo-se à nossa
viagem a Europa tivemos que disputar, no dia 14 de julho, no Rio, um jogo
contra o Fluminense F. C., que ganhamos por 1x0, sendo a nossa delegação, mais
uma vez, objeto de muitas outras gentileza e distinção.
Concluindo este breve
relato do que foi a “tournée” do Paulistano pela Europa, cabe-nos registrar,
antes de mais nada, a imensa satisfação que tivemos por esta oportunidade de
fazer, pelo esporte, uma eficiente propaganda do Brasil no estrangeiro. Depois,
a de termos demonstrado a capacidade de organização e de funcionamento do nosso
clube, permitindo-nos realizar, com êxito, sem nenhum apoio oficial ou auxilio
estranho, uma viagem cujos gastos montaram a cerca de 300 mil francos (na época
o franco tinha o valor médio de 500 réis).
Por fim, deixamos os
nossos agradecimentos por todas as homenagens e gentilezas recebidas, dentre as
quais sobreleva a ideia, levantada pelo “O Estado de São Paulo” de se erigir em
frente à nossa sede um monumento comemorativo dos nossos sucessos, monumento
para cuja execução uma subscrição popular já fortaleceu todos dos fundos e que
dentro em pouco será executado.
Final.
Em pé: Fortes. Formiga. Neco. Barthô. Lais. Palamone. Amilcar. Heitor. Tatu e Rodrigues.
Ajoelhado: Kuntz.
CAMPEONATO SUL
AMERICANO DE 1922.
Não tivemos um prepara
apurado antes do Sul Americano de 1922 realizado no Brasil. Após o Torneio de seleções que serviu a
escolher dos jogadores se realizaram outras partidas interestaduais de clubes.
Assim, se defrontaram os líderes dos campeonatos carioca e paulista: América e
Corinthians.
No dia 17 de setembro,
no estádio do Fluminense, tinha início o campeonato Sul Americano, entre Brasil
e Chile. O time brasileiro fez sua estreia com: Marcos. Palamone e Bazrthô.
Lais. Amilcar e Fortes. Formiga. Neco. Friendereich. Tatu e Rodrigues. O Brasil
parecia ser o melhor da época, alo Marcos, já em declínio de sua gloriosa carreira.
Francamente, o Chile
não poderia ter esperança de ganhar. Aos 12 minutos Neco serve a Tatu, que
disparou um tiro e marcou o gol inicial. Foi o começo de uma série de ações
violentas dos chilenos e de uma absurda parcialidade do juiz uruguaio
Villarinos. Os primeiros atingidos duramente foram Friendereich, Formiga e
Rodrigues. Os ânimos começaram a se exaltar. Antes de terminar o primeiro
tempo, os chilenos após um escanteio, empataram por intermédio de Bravo.
No segundo tempo não
houve maios tentos e os incidentes criaram vulto. O juiz cada vez mais
tolerante a violência dos visitantes. A torcida queria invadir o campo. Chegou
o momento culminante quando de mais uma das várias faltas escandalosas em
Formiga, na área. Nada apitou o juiz, e desta vez a arruaça obrigou o juiz a
deixar o campo por seis minutos. Recomeçou o jogo. Os chilenos entraram em
Marcos aos pontapés. Fortes investiu contra os agressores e novo tumulto
nasceu. Assim, acidentado o jogo chegou ao fim e da´, a torcida invadiu o campo
para agredir o juiz.
O campeonato Sul
Americano de 1922 começou por iniciativa da Gazeta a ser feita a transmissão de
jogos para o público por intermédio de alto falantes que foram instalados no
Vale do Anhangabú.
(continua).
Marcos que foi substituído por Kunz
(conclusão)
Para o segundo jogo dos
brasileiros, contra os paraguaios, o selecionado foi alterado no ataque. Friendreich
e Rodrigues machucados contra os chilenos não puderam atuar. Heitor e Junqueira
foram seus substitutos. Os paraguaios disputaram uma partida correta. Aos 14
minutos do primeiro tempo, Rivas marcou o primeiro gol para os visitantes. Não
houve meio de empatar no primeiro tempo, sendo que o juiz anulou dois gols de
Neco acusando faltas antes da conquista.
No segundo tempo os
paraguaios reforçaram sua defesa e sua resistência tornou-se maior. Continuou o
Brasil a martelar sem resultado até que Amilcar, ao avançar, chutou e marcou o
empate. Não houve meio, porém, de forçar a vitória. A pressão continuou até o
fim, mas o prélio terminou 1 a 1.
O Brasil disputou seu
terceiro jogo do Campeonato Sul Americano de 1922 contra o Uruguai. Sem dúvida,
os uruguaios eram os maiores adversários dos brasileiros. Ora, desde que o
Brasil perdera dois pontos, o onze uruguaio parecia ser o provável campeão. No
entanto, foi nesse jogo que o Brasil começou a reagir, embora empatando o
prélio por 0 a 0. Ficou om sua colocação mais afetada. Recuperaria o terreno?
Sim, si perdesse a seguir Uruguai e Paraguai.
Nessa partida, Kuntz substituiu Marcos, Rodrigues voltou a sua posição e
Friedenreich tentou se refazer, mas foi a última partida que disputou.
O prélio Argentina x
Uruguai foi tumultuado, com jogadores machucados e até houve prisões. Venceram
os uruguaios por 1x0. A primeira vitória do Brasil no campeonato de 1922 deu-se
no quarto prélio, contra os Argentina. Os brasileiros atuaram bem no primeiro
tempo, quando marcaram o seu primeiro gôl, obra de Neco. Poucas defesas de
Kuntz. No segundo tempo, os argentinos reagiram mas os brasileiros continuaram
firmes na defesa e no ataque. As tantas, um zagueiro argentino cometeu um penal
por toque. O juiz puniu-o com protestos dos castigados. Amilcar marcou o
segundo gôl e assim o Brasil venceu por 2 a 0.
Em virtude dessa
vitória do Brasil e da derrota do Paraguai contra a Argentina por 2 a 0, o
Uruguai ficou líder sozinho e si vencesse ou empatasse com o Paraguai seria o
campeão. Chegou o dia do prélio e o Paraguai venceu por 1x0 num jogo
acidentado. O juiz brasileiro anulou dois gols dos uruguaios. Estes,
julgando-se para parcialidade do juiz resolveram abandonar o campeonato. Que
ficou empatado entre Brasil e Paraguai. Ficaram assim sozinhos para o
desempate.
No dia 22 de outubro de
1922 deu-se o desempate entre as equipes do Brasil e do Paraguai, vencendo os
brasileiros por 3 a 0 e conquistando pela segunda vez o título de campeão
continental. A nossa representação esteve em um de seus melhores dias, jogando
om muita técnica e superioridade sobre o quadro antagonista. Destacaram-se na
plana geral os nomes de Formiga, Heior, Tatu, Amilcar e Fortes, principalmente
o primeiro, autor dos dois primeiros gols. Muito feliz foi Servandro Peresd, da
delegação argentina, a quem coube a arbitragem da importante pugna. Atuou com
rara felicidade, sendo suas decisões sempre prontas e acertadas, demonstrando
com isso seus conhecimentos acerca o esporte bretão.
O Campeonato Sul
Americano de 1922 causou não poucos transtornos. A CBD rompeu relações com a entidade uruguaia
porque esta aprovou a retirada de sua equipe do campeonato. Um deputado, o
doutor Carlos Garcia, proibindo os jogos internacionais. O projeto não vingou.
Formiga
Um dos campeões do primeiro campeonato brasileiro de seleções.
PRIMEIRO CAMPEONATO
BRASILEIRO SE SELEÇÕES EM 1922.
No ano do Centenário o
futebol brasileiro teve pela primeira vez um verdadeiro campeonato nacional de
seleções. Foi uma grande experiência da CBD, aliás, no ano seguinte foi lançado
oficialmente o campeonato brasileiro. A ideia do campeonato dos selecionados
estaduais nasceu em virtude da realização do campeonato sul americano, outra
vez, no Brasil, marcado para setembro. De fato, a CBD, tomando as primeiras
providências enviou às entidades filiadas a seguinte circular:
“Confederação
Brasileira de Desportos – Oficio nº 218 – Rio de Janeiro – Sr. Presidente –
Esta Confederação tendo necessidade de organizar partidas de futebol de
seleções, com provas de seleção afim de escolher o nosso quadro representativo
no campeonato sul americano e nos jogos internacionais que se disputarem após
esse campeonato, resolve realizar um torneio nacional constando da tabela
anexa, e solicita dessa associação as providências necessárias quanto a parte
que lhe diz respeito. As despesas de estadia aí, que consistirão uma diária fixa
do hotel e transporte de ida e volta nos campos de jogos, deverão ser feitas
pela associação a que também pertencerá toda renda arrecadada nesses jogos.
Oportunamente será designado o representante desta Confederação nesse torneio –
Sem mais, subscrevo com a maior estima e consideração. Assinado – Adhemar de
Mello – 1º Secretario”.
A organização de um
certame de caráter nacional para as seleções teve muito êxito, si bem que a CBD
havia apenas visado com esse torneio selecionar e preparar para o campeonato
sul americano. Foi assim que nasceu o campeonato brasileiro. Os concorrentes
foram divididos em três zonas assim:
Zona Norte – Pará (desistiu). Pernambucano (desistiu) e
Bahia.
Zona Centro – Rio Grande do Sul e Paraná.
Zona Sul – Distrito
Federal. Estado do Rio. São Paulo e Minas Gerais.
No dia 13 de agosto, em São Paulo.
No campo do Palestra – Paulista 4 x Cariocas 1.
Juiz – Pedro dos Santos, carioca.
Os quadros: Cariocas – Haroldo. Chico Neto e Palamone. Lais.
Osvaldinho e Fortes. Leite. Zezé. Candiota. Junqueira e Brilhante. Paulistas –
Primo. Clodoaldo e Barthô. Brasileiro. Amilcar e Gelindo. Formiga. Mário.
Friedenreich. Neco e Rodrigues.
Os pontos: Brilhante para os
cariocas. Rodrigues. Neco e Friedenreich (2) para os paulistas.
Após esse jogo foi dado por encerrado
o torneio com a vitória dos paulistas, podendo ser considerados bahianos e
cariocas os segundos colocados.
Do livro de Tomas
Mazzoni – História do Futebol Brasileiro – 1984-1950.
Kuntz
A grande figura do Brasil no Sul America.
CAMPEONATO SUL
AMERICANO DE 1920.
O Sul Americano de 1920
foi um desastre. Paulistas e cariocas brigaram insensatamente outra vez com
nocivas consequências, e a APEA (Associação Paulista de Esportes Atléticos) não
cedeu seus campeões. Disso resultou que a CBD (Confederação Brasileira de
Desportos) mandou uma equipe fraca ao Chile, na qual figurou um só craque campeão sul americano de 1919. Os demais
foram quase todos estreantes em cotejos internacionais. O resultado foi dos
piores, pois chegamos a perder para os uruguaios por 6x0 e assim os orientais
se desforravam do seu rezes do campeonato de 1919.
Em 1920, no Chile,
porém, não soubemos manter o prestígio de campeões. Falta de amor próprio,
brigas, picuinhas, traição ao futebol brasileiro. Naquele tempo interessava
mais aos cariocas com os paulistas e vice-versa. Resultado: os responsáveis
pelo futebol pátrio mandaram para o Chile um “XI” ao Chile sem os “Ases” São
Paulo e perderam ingloriamente o título. Apanhamos dos uruguaios e argentinos e
nada maias fizemos, senão vencermos por um golpe de chance o Chile. A turma foi
constituída por dois santistas, um gaúcho e os restantes cariocas. A grande
figura do nosso “onze” foi Kuntz, o melhor arqueiro do campeonato. O primeiro
posto coube, outra vez, aos uruguaios.
A delegação brasileira
foi chefiada pelo dr. Osvaldo Gomes. A APEA não cedeu jogadores, mas o Santos
F.C. tendo desistido do campeonato paulista, forneceu Constantino e Castelhano.
A estréia do “XI” brasileiro foi contra o Chile, vencendo o Brasil por 1x0, de
Alvariza. Os chilenos dominaram amplamente, mas o fenomenal Kuntz garantiu a
vitória. O quadro brasileiro foi o seguinte: Kuntz. De Maria e Martins. Dino.
Sisson e Fortes. Constantino. Zezé. Castelhano. Junqueira e Alvariza.
No jogo seguinte,
contra o Uruguai, houve uma debacle da equipe brasileira e perdemos de 6x0.
Sequiosos de uma revanche do seu revés de 1919 os orientais não perdoaram a
fraqueza do time adversário no qual figurava um só campeão sul americano de
1919: Fortes. Os demais, todos no apogeu, ficaram no Brasil, assistindo as
polemicas entre os diretores da APEA e a CBD. No terceiro e último jogo os
brasileiros foram vencidos pelos argentinos por 2x0.
Do livro de Tomas
Mazzoni – História do Futebol Brasileiro – 1984-1950.
TEMPORADA DO DUBLIN DO
URUGUAI.
Em 1916, coube ao
Botafogo, a iniciativa de trazer um clube uruguaio, o Dublin. Este aceitou e
reforçou seu quadro com elementos do Nacional e do Wanderes de Montevidéu. O
Dublin estreou no Rio, no dia 31 de dezembro. Jamais se poderia supor que esse
quadro nos traria tanta riqueza de estilo e de técnica nova.
Era uma escola sul
americana em flor, que o Dublin trazia consigo. Cada craque do Dublin era um artista
do futebol. Naquele tempo a perfeição do futebol se entendia por escola
inglesa. Nós já tinhamos evoluído muito, prova a nossa boa figura no campeonato
sul americano de Buenos Ayres. Estavamos longe, pois, de crer que o Dublin
seria verdadeira revelação em nossos campos. Cada sua exibição era uma alta
demonstração de futebol. Tinha tudo de inédito o Dublin. De modo que sua
superioridade foi absoluta, seu êxito espetacular não poderia ser maior.
Saiu invicto do Rio. Em
São Paulo esperava-o seu único revés, de forma extraordinária, numa tarde de
verdadeira consagração para o futebol bandeirante. Mas, em contraste, a
decepção que sofremos com a derrota esmagadora do selecionado foi tremenda!
Mas, igualmente o Dublin não se conformou com a derrota que lhe infligira o
Paulistano, certo de que regressaria invicto. Enfim, a temporada do Dublin
marcou um acontecimento excepcional e deixou muitas lições, impressionando
profundamente os seus campeões todos já famosos como Benincasa, Romano e
Scarrone. A única derrota do Dublin aconteceu na sua estreia em São Paulo
contra o Paulistano. O Dublin julgou que seria ainda irresistível. Nessa tarde
épica, Friedenreich, que deixara o Ipiranga, atuaria para o Paulistano. Fried marcou
o primeiro tento da tarde. Venceu o Paulistano por 2x1. O feito provocou um
jubilo indescritível. Dias após os uruguaios enfrentaram a seleção paulista. O
campo da Floresta ficou super abarrotada. Esperava-se uma vitória dos
paulistas, mas os orientais fizeram o diabo nesse dia com a bola e ganharam de
5x1. Decepção inesquecível...
O balanço do Dublin
encerrou-se, pois, com 6 vitórias, 1 derrota e um empate.
(Do livro de Tomas Mazzoni
– História do Futebol do Brasil – 1984-1950).
Friedenreich,
Um dos paulistas convocados para os treinamentos da Seleção.
CAMPEONATO SUL AMERICANO DE 1918.
O Campeonato Sul
Americano de 1918, iria ser disputado no Brasil. Grandes preparativos começaram
a ser feitos e a C.B.D. iniciou os trabalhos em torno da convocação dos
jogadores.
O certame estava
marcado para ter início nos primeiros dias de maio, e entre os primeiros
jogadores paulistas a serem designados figuravam Friedenreich, Amilcar e Neco.
Os treinos seriam todos no Rio e os jogadores de São Paulo teriam apenas que
viajar, treinar, demorar-se os dias necessários, hospedados na própria cidade,
e a seguir, regressarem.
Marcada a época da
apresentação dos jogadores, a C.B.D. enviou aos três referidos campeões a
respectiva ajuda de custo para que pudessem viajar. Deve ter sido uma garantia
de um conto de réis. A APEA tomou conhecimento dessa ajuda aos seus amadores.
Eis, porém, que a
“gripe espanhola” alastra-se assustadoramente no Brasil e nos outros países do
continente. A epidemia acabou impedindo a realização do campeonato sul
americano. E então a C.B.D., de acordo com as outras entidades, resolve
transferir o torneio para o ano seguinte. Estavam, pois, suspensos os treinos
do selecionado. A Confederação mandou pedir de volta o dinheiro que havia
adiantado aos craques paulistas. O dinheiro não foi devolvido. Alegavam os
jogadores que seus preparativos para a viagem lhes haviam exigido gastos. A
C.B.D. ameaçou puni-los. A APEA, porém, colocou-se na defesa dos seus
jogadores, não reconhecendo sua punição, mesmo porque os seus clubes não
queriam ficar prejudicados. Houve o diabo. O futebol paulista em peso
revoltou-se contra a penalidade. Começaram as polêmicas violentas nos jornais
em torno do caso. A C.B.D. tinha razões. APEA também tinha, as polêmicas dos
cronistas, porém, incendiaram tudo. Brigaram APEA e C.B.D. mais levados pela
fogueira bairrista de ambos os lados. Deveria ser essa a primeira de uma longa
série de desavenças entre dirigentes de São Paulo e a C. B. D., com culpas dos
dois lados e que tanto mal iriam fazer ao futebol brasileiro. Atrás da entidade
máxima estava a paixão partidária carioca que naturalmente se chocava, com a
paixão partidária paulista. Ambas sofriam do mesmo mal, mas a APEA se revoltava
pelo fato de a C.B.D. endossar sempre as atitudes da entidade carioca. O caso
dos jogadores acabou pouco depois em nada, houve um acordo. Serenados os ânimos
o bom senso vingou e voltou a reinar a paz, mas ficou o rastilho das brigas
ficou...
O goleiro brasileiro.
Marcos de Mendonça.
CAMPEONATO SUL
AMERICANO DE 1919.
O Campeonato Americano de 1919 exigiu da CBD grandes
preparativos, que começaram, pode-se dizer desde do ano anterior, quando o
certame não foi realizado devido à epidemia da gripe espanhola. Em primeiro
lugar foi preciso pacificar paulistas e cariocas que haviam brigados devido a
punição de Friedenreich, Amilcar e Neco. Antes da paz, a APEA teve um ato
acintoso, dirigindo-se a entidade do Prata, querendo impedir a realização do
campeonato Sul Americano. A tempestade acabou passando. Artífice
Dessa pacificação foi
Coelho Neto, tornando-se possível a organização de um selecionado que
representasse efetivamente a força máxima do soccer nacional. Os treinos
preparatórios constituíam verdadeiros acontecimentos sociais, tal o número
elevado de pessoas (inclusive o belo sexo), da melhor sociedade que ao estádio.
Naturalmente a formação do onze para a estreia, provocou acalorados debates,
pois cada um dos vinte e tantos jogadores requisitados, possui “fans” ardorosos
entre jornalistas e torcedores.
O estádio do Fluminense, construído para tão grande acontecimento custou vinte e cinco mil e quinhentos contos de
reis! Todos os treinos preparativos foram realizados no Rio, indo os paulistas
morarem numa pensas nas Laranjeiras, perto do estádio. Laborioso foi o período
de preparo dos brasileiros.
Vejam algumas notícias
publicadas na imprensa das duas capitais:
“Selecionado
Brasileiro” – treino de hoje dos selecionados “A” e “B” – no estádio realiza-se
hoje às 15,30 horas, o penúltimo treino dos selecionados “A” e “B” da CBD. A
comissão técnica terrestre pede o comparecimento dos jogadores escalados e
respectivos reservas, para comparecerem na sede do Fluminense, as 15 horas em
ponto.
Eis os quadros:
Quadro “A” (branco) – Marcos de Mendonça. Píndaro e Chico Neto. Sérgio.
Amilcar e Galo. Menezes. Neco. Fredenreich. Haroldo e Arnaldo.
Quadro “B” (encarnado)
– Dionísio. Palamone e Bianco. Lais. Picagli e Fortes. Formiga. Millon. Heitor.
Machado e Rodrigues.
O arbitro para o treino
de hoje – a comissão técnica terrestre da CBD destacou o distinto “sportman”
Afonso de Castro, membro desta comissão, para quarta-feira 14 do corrente entre
os selecionado “A” e “B”.
“Rio, 17 (Do nosso enviado especial) ”
Foi regular o treino
dos “misturados”, levado a efeito ontem. O partido “A”, selecionado nacional
venceu o “B” por 7x1. Estes pontos foram feitos por Fried 5, Neco 2 e Heitor do
“A” e Arlindo do “B”.
Foi nesse ambiente de
ansiosa expectativa e efervescência patriótica que foi realizado o Congresso
Sul Americano de Futebol, realizado o antigo Pavilhão Mourisco (sede da CBD.
Eram 9 horas da noite quando o sr. Hector Gomes, Presidente da Confederação Sul
Americana de Futebol, ladeado pelos srs. Domicio da Gama, Ministro das Relações
Exteriores e Lauro Muller, abriu a sessão. As delegações da Argentina, Chile e Uruguai
desembarcaram no Caís da Praça Mauá, seriam recepcionados no clube São
Cristovão e hospedados no Hotel dos estrangeiros.
(Continua).
Do livro de Tomaz
Mazzoni – (A História do Futebol do Brasil – 1984-1950).
CAMPEONATO SUL
AMERICANO DE 1919.
(conclusão)
No Campeonato Sul
Americano de 1919, no Rio, concorreram três países estrangeiros: Argentina,
Chile e Uruguai. Seu início foi a 11 de maio quando também foi inaugurado o
estádio do Fluminense. O aspecto era grandioso e deslumbrante: um mar de gente
agrupado em torno do quadrilátero gramado, por sobre tudo, centenas de
bandeiras das nações amigas e de entidades esportivas, e ao longe, circundando
este conjunto, um círculo de montanhas que, majestosamente, parecia proteger os
que ali se achavam vibrantes de vitalidade e entusiasmo, contra qualquer
imprevisto que, porventura, pretendesse vir quebrar a harmonia àquela imponência.
Pouco antes de ser
iniciada a peleja, dois aeroplanos vieram evoluir por sobre o stadium,
praticando proezas de verdadeiros dominadores do ar. Eram campeões de outro não
menos nobre. O início do campeonato sul
americano foi honrado com a presença de S. Excia. Sr. Presidente da República,
que chegou ao local do match pouco antes do mesmo principiar, só se retirando
depois do seu final.
As 15,30 horas deram
entrada em campo os dois teams, acompanhados do referee argentino Juan Barbera,
com os dois auxiliares, surgindo de dentro subterrâneo que ligar aos vestiários.
Depois da demora indispensável para que os players disputantes fossem
fotografados, foi tirado o ”toss” que favoreceu os brasileiros, que escolheram
a metade do campo que fica do lado da piscina era a favor do sol. O
center-forward chileno dá o kick-off às 15,45. 25 mil pessoas estavam no
estádio do Fluminense e viram a goleada brasileira diante dos chilenos por 6x0.
O segundo adversário do
Brasil foi o Uruguai que chegaram a marcar 2x0. Com Neco sendo o destaque da
partida, o Brasil conseguiu ao empate de 2x2. Os jogadores entraram em campo,
de luto, pela morte do goleiro reserva do Uruguai, durante um procedimento
cirurgico após choque com um atacante chileno. Os uruguaios perderam o jogo por
2x0. Os argentinos perderam para o Uruguai por 3x2 e o Brasil por 3x1. Ganhou
apenas do Chile por 4x1.
Os uruguaios vencendo
os chilenos foi necessário a realização de outro jogo com o Brasil, programado
para o dia 29 de maio. O jogo foi marcado para 14 horas e as 9 horas da manhã
já tinha torcedor na porta do estádio. Terminou 0x0 nos 90 minutos. Primeira
prorrogação de 30 minutos continuou 0x0.Veio a terceira prorrogação com os
jogadores extenuados pelo desgaste físico emocional. Aos 3 minutos, Neco invade
pelo lado direito perseguido por Foglino, já na linha e fundo, cruzou para
Heitor que chutou forte e o goleiro Saporiti defendeu parcialmente. A bola caiu
nos pés de Fredenreich que fuzila a meia altura e a bola morre no fundo das
redes. No segundo tempo da prorrogação, as equipes se arrastam sem nada
produzir.
O Brasil sagrou-se
campeão Sul Americano pela primeira vez e Fredenreich se transformou em herói
nacional. Também ganhou o apelido de “El Tigre”. Ele foi o artilheiro do
campeonato.
(Do livro de Tomaz
Mazzoni – História do Futebol do Brasil – 1984-1950)
Belfort Duarte
um dos fundadores da Associação Mackenzie College de São Paulo.
O PRIMEIRO CLUBE
BRASILEIRO PARA BRASILEIROS.
O primeiro clube
brasileiro e para brasileiros, fundado afim de se dedicar ao futebol
“association” foi a Associação Atletica Mackenzie College de São Paulo.
Naturalmente, seus alunos já tinham conhecimento do jogo que os ingleses
estavam praticando no São Paulo Athletic. Possivelmente, alguns deles como
convidados ou curiosos, tinham visto ou participado de treino ou jogos
improvisados na Chacara Dulley em 1895 e 96, daí o seu gosto e sua iniciativa
de praticar o futebol no recreio do colégio.
Em 1896, regressava dos
Estados Unidos o sr. Augusto Shaw, professor do Mackenzie College, que passou a
desenvolver grande propaganda da Bola ao Cesto e do futebol Rugby”. Alguns
alunos se interessaram por esses divertimentos e outros fundaram a Associação
Atletica de Mackezie College. Esses alunos, por não se terem adaptados
perfeitamente ao Rugby e achando a Bola ao Cesto menos interessante do que o
jogo que já algumas vezes haviam assistido entre os ingleses, resolveram
dedicar-se ao futebol associação que incialmente se praticou entre vários
quadros do Colégio.
A data certa da
fundação do Mackenzie. Como clube de futebol, ficou sendo a de 18 de agosto de
1898 e foram seus fundadores: Augusto Shaw, José Sampaio, Mário Eppingaux,
Carlos da Silveira, Alicio de Carvalho, Belfort Duarte e Roberto Shalders. O
futebol substituiu o basquetebol. Formou-se o “team”. Escolhera-se o uniforme –
uma camisa vermelha e gravata branca, e calção desta cor. A flamula – losango
branco sobre o vermelho, tendo naquele, as iniciais A.A.M.C. O campo foi
marcado no terreno do recreio do colégio, entre duas linhas paralelas marcadas
a cal, equidistante cerca de 50 metros.
Foi assim que surgiu a
A. A. M. C., o primeiro grêmio de futebol de brasileiros e para brasileiros.
Galo, o lateral esquerdo da Seleção Brasileira.
CAMPEONATO SUL AMERICANO DE 1917
Em 1917, CBD
empenhou-se em enviar ao Campeonato Sul Americano, sua melhor seleção, baseada
na boa experiência do ano anterior, em Buenos Ayres.
Infelizmente e, pela
primeira vez, o selecionado do Brasil não pôde contar com sua força máxima.
Foram, unidos, paulistas e cariocas, mas faltaram justamente grandes campeões
da época, como Friedenreich, Formiga, Rubens e outros. Vários foram os jogadores
incluídos que faziam então sua estreia internacional. Chefiou a delegação o dr.
Mário Pollo, tendo como delegado o sr. Raul Rangel Chistoffel. O conjunto,
positivamente não estava ajudando. Grandes valores individuais, porem o
conjunto foi heterogêneo. Apenas houve uma agradável exibição do “XI” contra o
Chile, fazendo muito pouco contra uruguaios e argentinos.
Os nossos jogos foram
estes: Contra a Argentina (estreia a 3 de outubro). Venceu a Argentina por 4x2.
Os quadros:
Brasil – Casemiro. Vidal e Chico Neto. Ademar. Lagreca e
Galo. Caetano. Dias. Amilcar. Neco e Arnaldo.
Argentina: Isola. Ferro e Reys. Matozzi. Olazar e Pepe.
Calomino. Bianco. Ohaco. Martin e Perinetti. Os tentos: Nexco e Lagreca
(Brasil). Ohaco 2. Colmino e Blanco.
No jogo contra os uruguaios,
perdemos por 4x0. Os brasileiros acabaram jogando com, 19 elementos porque o
médio Paula Ramos teve uma indisposição e foi obrigado a deixar o campo. O
capitão brasileiro, Lagreca, se recusou a aceitar o pedido do capitão uruguaio
de substituir o jogador acidentado, alegando que no campeonato anterior, quando
o Brasil tinha chance de vencer a partida não lhes foi permitido substituir o
zagueiro Orlando, vitimado por um pontapé adversário. Somente contra os
chilenos os brasileiros acertaram uma partida digna do seu valor, vencendo por
5 a 0.
Preguinho, do Fluminense, um eterno amador.
COMEÇOU O FALSO
AMADORISMO.
É fora de dúvida que a
fase do “falso amadorismo” entrou em franco desenvolvimento a partir de 1917.
Até então, embora existente, não tomara qualquer vulto, quer no Rio, quer em
São Paulo.
Havia casos
esporádicos. A invasão de elementos de todas as camadas sociais motivou essa
evolução. A época do futebol para gente fina, a época da proibição das
entidades receberem clubes de jogadores que não fossem de boas condições
sociais, já havia ficado para trás. Em São Paulo e no Rio, em toda parte o
futebol tornara-se o esporte do povo. Os jogadores começaram a subir dos
chamados clubes varzeanos e suburbanos. Era aquele a época em que o futebol dos
bairros estava no apogeu, produzia futebolistas de classe aos magotes. Havia
superprodução de “craques”.
O interesse pelos
clubes em atrair esses jogadores, o aumento extraordinário do público e a
rivalidade fizeram com que os clubes e dirigentes começassem a colocar de lado
certos escrúpulos na conquista dos jogadores e, dai, dos empregados passarem a
dar propinas, etc, e quanto aos prêmios a cada vitória, sócios e diretores
ofereciam objetos e até dinheiro.
Foi se desenvolvendo
assim o “falso amadorismo” até que começar as sindicâncias. Desejava-se saber
si os jogadores trabalhavam. Essas sindicâncias acabaram em nada. De fato,
começaram os melhores “cracks” a serem empregados. Ganhavam
empregos em casas comerciais de dirigentes só para constar. Havia, naturalmente
honrosas exceções, mas é fato que não se concebia desveladamente o “falso amadorismo”, com
esses expedientes, à medida que o futebol nos grandes centros se tornava mais
espetacular.
Tomas Mazzoni.
O pesquisador que escreveu este livro.
A TENTATIVA DE TRAZER O
NOTLIGAN FOREST DA INGLATERRA.
Em 1904 os clubes de
São Paulo tentaram trazer um time inglês. De fato, certa ocasião, em fins do
ano de 1904, apareceu na imprensa uma notícia que revolucionou o nosso alegre
meio esportivo. Dizia mais ou menos isto a referida nota: “Sabemos que a Liga
Paulista está tratando de negociara vinda, a esta cidade, de um poderoso “team”
inglês, o Notligan Forest, que disputa o campeonato inglês da primeira divisão,
e que, o ano transato, conseguiu o terceiro lugar. Esse “team”, que a
Argentina, passará por aqui, aproveitando a oportunidade de jogar com nossos
clubes”.
Simples esta notícia.
Não calculam, entretanto, os companheiros, que se teceram! Trabalhou a fantasia.
Diziam coisas espantosas dos jogadores britânicos. Eram invencíveis, heroicos. Lidavam
com a bola magistralmente. Extraordinários passes, os “kics”! – oh! Os “kics” –
eram deferidos com tal violência, que arrancavam as redes e os postes do
“gol”!... Jogo de cabeça, então nem se fala: esses temíveis “esportem”
atravessavam o campo, de lado a lado, sem que nenhum adversário tocasse na
bola. A petizada entusiasta, do Infantil do Paulistano, do Aglo Brasileiro, da
Escola Americana e de outros colégios, que enchiam o Velodromo nos dias dos
“matchs”, criava lendas e em torno do caso, verdadeiramente sensacional.
A Liga Paulista, um mês
antes, fez grande alarde do Notligan, e, desejando que o nosso combinado não
fizesse péssima figura, obrigou-o a treinar. Esses treinos foram memoráveis;
então, poucos “matchs” do campeonato conseguiram uma concorrência como esses
exercícios tiveram. Mas, estava escrito que não poderíamos apreciar os
fantásticos “foot-ballers”; com grande pesar, os jornais noticiaram que o
vapor, vindo da Argentina, em que os super “footballers”, não tocava por
Santos, e por esse motivo não podiam disputar “matchs” em São Paulo.
(Do livro – História do
futebol do Brasil – de Tomaz Mazzoni).
Alberto Borgherth
que criou o departamento de futebol no Flamengo.
COMO APARECEU O
FLAMENGO NO FUTEBOL.
Faltavam apenas dois
jogos para terminar o campeonato carioca de 1911 e o Fluminense marchava
invicto para o título quando surgiu um desacordo no seio do tricolor que acabou
em conflito entre a diretoria e o quadro em peso. Era 1 de agosto daquele ano.
Presidia o Fluminense o dr. Cavalcante de Albuquerque.
Na época, era hábito o
capitão apresentar a escalação para ser aprovada. Alberto Borgherth chefiava o
quadro e era o seu capitão. Com surpresa dele, o “Comittee” não aprovou a
escalação e pouco depois dava a conhecer a sua escalação, ou seja, o mesmo
quadro, menos Borgherth, que o centro avante. Em seu lugar figurava o nome de
um zagueiro de 2º time. Positivamente, havia prevenção contra Alberto
Borgherth, que pretendeu consultar os seus companheiros do “onze”. Afonso de
Castro, não quis, dizendo que seria desprestigiar a diretoria e abriu u mau
precedente. O fato chegou ao conhecimento dos jogadores que se declararam
solidários com o capitão do quadro.
Para se evitar um
desastre disciplinar e técnico foi decidido que após o jogo com o Rio Cricket,
os jogadores voltariam ao campo se Borgherth figurasse no quadro. O último
adversário seria o América. Mas para a derradeira partida a escalação foi a
mesma. Então Borgherth compreendeu que sua única atitude seria aquela: de nunca
mais vestir a camisa do Fluminense, já o clube não o queria mais. Cumpriu sua
palavra. Pediu, porém, aos jogadores que disputassem a última partida.
Venceram. O Fluminense foi assim campeão de 1911, sem uma única derrota e com
um só gol contra.
Todo o quadro, menos
Gomes e Calvert abandonou o Fluminense, uma vez encerrado o campeonato.
Imediatamente, os onze campeões resolveram procurar outro clube. Pensaram no
Botafogo e no Paysandú, mas depois Borgherth resolveu escolher o Flamengo que
até então somente se dedicava aos esportes aquáticos. Borgherth e Joaquim
Guimarães procuraram os dirigentes flamenguistas Souza Mendes, Virgílio Leite,
Pimenta de Melo e Eduardo Furtado afim de iniciarem as “demarches” para a
instalação do futebol no C.R. Flamengo.
A diretoria do
Fluminense teve que se curvar ante a vontade soberana dos jogadores,
concedendo-lhes a demissão. Na noite de 24 de novembro de 1911 e o Flamengo
realizava uma assembleia geral om cerca de quarenta sócios, criando a secção
terrestre do clube. Entrava, pois, o futebol no Flamengo. Restava, porém, que o
clube fosse admitido na 1ª divisão
da Liga. Os trabalhos para tal objetivo foram iniciados com êxito. O próprio
Fluminense, sob a iniciativa de seu diretor junto a Liga, Mário Polo, ajudou
com simpatia a aceitação do Flamengo para a vaga que a Liga abrira para o
campeonato de 1912, pois reconhecia que o ingresso de um novo clube
beneficiaria o campeonato carioca. Assim aconteceu. O Flamengo de uma hora para
outra passou a ter um quadro de peso que venceu o campeonato invicto em 1911.
Local dos jogos dos argentinos contra os brasileiros
OS JOGOS DOS ARGENTINOS
EM 1908.
Em meados de 1908 vinha
a primeira notícia nas gazetas paulistanas. Dizia ela que a Liga Paulista
estava trabalhando no sentido de promover a visitas dos rapazes argentinos.
Dias depois, apareciam pormenores: a equipe representativa compunha-se de
elementos pertencentes aos clubes Alumni, Belgrado, Estudiantes e San Isidro,
os principais que disputavam o campeonato de Buenos Ayres.
Anunciou-se logo um
treino, mas não teve importância. O segundo exercício foi no dia 28 de junho. O
Palmeiras vivia separado, por motivos de rivalidade. O Sr. Antônio Prado
Junior, presidente da Liga Paulista interveio e solicitou da diretoria da
sociedade rebelada, que prestasse o seu concurso a São Paulo. Os jornais
disseram que o Sr. Antônio Prado conseguira harmonizar todos os clubes. O que é
fato, porém, é que os moços do Palmeiras não compareceram aos exercícios nem
tampouco participaram dos prélios.
Os argentinos chegaram
a São Paulo no dia 30 de junho. Foram bem recebidos na estação, onde aguardaram
os representantes da Liga Paulista, muitos jogadores e grande número de
curiosos. Na cidade, enorme a expectativa. O assunto predileto de todas as
conversas eram os próximos torneios internacionais. Os rapazes argentinos,
durante aquele dia, foram penhorados de gentilezas. Deram vários passeios pela
cidade, visitando os pontos principais. À tarde, dirigiram-se para o Velodromo,
afim de assistir ao último treino dos paulistas. Os rapazes acompanharam, com
certo interesse, os lances do jogo. A certa altura, não resistiram: desceram
das arquibancadas, pediram licença aos diretores das Liga para entrar em campo,
e, mesmo com a roupa de passeio e com delicados sapatos de vernis, deram alguns
chutes...
O primeiro encontro
efetuou-se a 2 de julho. Dia útil. Posto isso o Velodromo teve uma boa
concorrência. Viam-se muitas senhoras e senhoritas. Em lugares reservados,
estavam algumas famílias argentinas, que de proposito vieram assistir aos
“matches”. Os nossos hospedes iam medir forças com um combinado de
estrangeiros, tirados dos clubes filiados à Liga Paulista. Os argentinos não
passaram de um empate de 2 a 2. Na segunda partida venceram os argentinos por 6
a 0. Dia de fracasso completo dos nossos jogadores. O terceiro e último
encontro internacional efetuou-se a 7 de julho de 1908 e os argentinos voltaram
a vencer por 4 a 0. As famílias paulistas focaram desgostosas pela nova surra,
já estavam fartas.
BELFORT DUARTE
ATUOU COMO ZAGUEIRO DOS PAULISTAS
A CRÔNICA ANTES DO
PRIMEIRO JOGO ENTRE CARIOCAS E PAULISTAS.
O jornal “O Comércio”
de São Paulo, do dia 17 de outubro de 1901 publicou: “Foot Ball no sábado à
tarde, 19, e no domingo de manhã, se realizarão dois matches de foot- ball
nesta cidade, entre os rapazes dos clubes daqui e os do Rio de Janeiro, que
para esse fim vieram a esta capital.
É a primeira vez no
Brasil que se joga um match deste interessante sport entre os dois Estados, e
se acrescentarmos que são brasileiros os rapazes que, na maior parte, vem do
Rio. Há um justo motivo para que regozijamos, porque, finalmente, a nossa gente
começa a se dedicar com afinco esses utilíssimos exercícios, cujos benefícios,
para nossa futura geração se hão de patentear na sua robustez physica, condição
essencial em todos os ramos de labor humano. Aos nossos leitores que
aconselhamos não perderem um minuto deste interessante encontro, prometemos
todos os pormenores que se possa guiar e conduzir nesta curiosa prova de
foot-ball.
PRIMEIRO JOGO DA
SELEÇÃO BRASILEIRA.
A começar 1914 nasceu o
combinado Rio-São Paulo e o selecionado do Brasil, o primeiro passou a ser a
seleção oficiosa do Brasil e o segundo o quadro oficial do futebol brasileiro.
A vitória dos brasileiros sobre o Exter City aninou extraordinariamente os dirigentes
do Rio e São Paulo a enviar à Argentina a mesma seleção, desta vez em caráter
oficial para disputar a “Copa Júlio Roca”.
O troféu foi doado, em
1913, pelo tenente-general Júlio A. Roca, que ofereceu aos brasileiros
testemunhando a sua simpatia pela brilhante atuação nas pelejas disputadas pelo
combinado paulista do S.C. Americano, em Buenos Ayres, com quadros argentinos.
Ao enviar a “Copa” ao então ministro do Brasil na Argentina, sr. Luiz de Souza
Dantas, disse o general Roca no ofício que a acompanhou:
“Para estimulo da
juventude que em nossos países cultiva esse nobilíssimo desporto e para
estabelecer, além disso, um novo motivo de amistosa relações e propósitos comuns
entre os mesmos, veria com agrado que a “Copa” fosse disputada durante três
anos consecutivos entre os quadros brasileiros e argentinos, ficando de
propriedade daquele que o vencesse duas vezes”.
Por via marítima seguiu
para Buenos Ayres a delegação brasileira. Foram combinadas três partidas, duas
amistosos e uma oficial, em disputa da “Copa”. A partida de honra seria, porém,
aquela entre os dois selecionados oficiais e realizou-se no dia 27 de setembro
no estádio do Gymnasia y Esgrima. Os argentinos eram francos favoritos, mas
nesse dia o onze oficial do Brasil recebeu seu “batismo de fogo”, justamente em
campo estrangeiro, com um triunfo memorável que elevou muito o prestigio do
futebol brasileiro no terreno internacional.
Uma grande assistência
compareceu ao encontro no campo do Gymnasia Y Esgrima. Na Tribuna de Honra, onde
se encontrava o troféu, tomaram lugar os ministros das Relações Exteriores e da
Justiça da Argentina, o encarregado dos Negócios Brasileiros, os delegados
brasileiros à Convenção Sul Americana de Futebol, o presidente e dirigentes de
entidade local e senhoras.
Do livro de Tomas
Mazzoni – História do Futebol do Brasil - 1894-1950.
(continua).
A IMPRESSA ESPORTIVA DE
1917.
A imprensa esportiva de
1917 já existia de modo bem acentuado, contribuindo, porém, decisivamente para
formar-se no Brasil uma mentalidade clubistica, regionalista e, portanto,
francamente partidária até a paixão incontrolada. Foi aquele tempo que começou o apogeu do
xingamento entre cronistas paulistas e cariocas. Escrevia-se de preferência
chacotas, pilherias e desaforos, e para ser conhecido um bom cronista, bastaria
que escrevesse versos venenosos. A imparcialidade ficou completamente à margem
nas crônicas e comentários sobre os jogos interestaduais. Nos jogos locais
vigorava o clubismo extremado. Os cronistas não eram profissionais, salvo raras
exceções.
Eram competentes e
muitos prestaram relevantes serviços ao esporte. Faziam tal tarefa como simples
afeiçoados dos seus clubes, aproveitavam o “bicho” dos jornais quando muito.
Mas, seu principal objetivo era escrever gratuitamente só para elogiar o clube
ao qual pertenciam e atacar os clubes contrários. Traziam à lapela o distintivo
do seu clube predileto, aliás muitos eram diretores de seus grêmios. Rapaziada
distinta, de boa posição social, quase todos incapazes de qualquer deslize,
cultos e amantes do futebol por mero diletantismo, mas pecavam por defenderem
exclusivamente seus clubes ou seu Estado. Criaram assim uma crônica partidarística e é fora de dúvida que lhes cabe grande parte da responsabilidade pela formação
da educação esportiva no Brasil, pela mentalidade esportiva que o nosso povo
possui, por que a escola, as raízes ficaram.
Os maiores jornais do
Rio e de São Paulo que se dedicavam ao esporte naquele tempo eram: A Gazeta, o
Correio da Manhã, o Paíz, o Imparcial, o Estadinho, Estado de São Paulo,
Fanfulla, Gazeta de Notícias e outros. Em São Paulo, há anos, havia circulando
a revista Sport. Circulou em 1917 a Cigarra Esportiva e no Rio, a seguir, a
Vida Esportiva, de larga aceitação. Depois, a Bahia teve Bahia Esportiva e
Porto Alegre o Sport.
ARNALDO GUINLE
PRIMEIRO PRESIDENTE DA CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE DESPORTOS
NASCEU A CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE DESPOPRTOS.
No dia 21 de junho de 1916 a Federação Brasileira de Sport passou a denominar Confederação Brasileira de Desportos. Em 5 de dezembro reuniu-se a Assembleia Constituinte da Confederação Brasileira de Desportos, com os representantes da Ligas Paraense de Futebol, da Metropolitana de Esportes, da Associação Paulista de Esportes Atleticos, das Ligas Paranaense, Sportivo Rio Grandense, Federação Brasileira das Sociedades do Remo, Federação dos Clubes de Regatas da Bahia, Federação Paulista da Sociedade do Remo, Aéreo Clube Brasileiro e da Liga Mineira de Sports Atleticos.
Na mesma reunião e de acordo om os Estatutos aprovados foi eleita a primeira diretoria da Confederação Brasileira de Desportos, que ficou assim constituída -Presidente: Arnaldo Guinle. Primeiro Vice-presidente: Major Ariovisto. Segundo-Vice-presidente: J. A. de Souza Ribeiro. Terceiro Vice-presidente: Honório Neto Machado. Primeiro secretário: Ubaldo Lobo. Segundo Secretário: dr. Heitor Luz. Tesoureiro: Lamartine Pinheiro Alves. Pouco depois era a CBD, reconhecida pela Confederacion Sul Americana de Football, apesar dos esforços em contrário da Federação Brasileira de Futebol, por intermédio do seu delegado Nascimento Pinto que em Montevidéu tudo procurava dificultar e em baralhar em proveito da entidade paulista. Foi representante da CBD no Congresso de Montevidéu o sr. J. A. de Souza Ribeiro. Em 29 de dezembro de 1917 era a CBD reconhecida provisoriamente pela FIFA como única entidade dirigente do futebol no Brasil, reconhecimento esse que foi efetivado a 20 de maio de 1923.
Com a vinda de 1917 o futebol brasileiro entrou em sua maioridade. Deixou sua adolescência para trás, assim como lá para 1911 e 12, havia saído da sua infância. O “association” já era praticado em todos os Estados, em todas as cidades, em todos os cantos do Brasil e sua popularidade crescia cada vez mais.
O ADEUS DE CHARLES MILLER DO FUTEBOL
A VISITA DO CORINTHIANS DE LONDRES.
Grande repercussão teve
o futebol brasileiro a primeira visita que nos fez o Corinthians, de Londres, o
mais celebre quadro amador da Inglaterra. Isso aconteceu em 1910. Coube ao Fluminense
do Rio tal temporada. O sr. Luiz Fonseca, então presidente da Liga, convocou
uma reunião para o dia 6 de agosto, ficando a diretoria autorizada a entrar em
negociações com o Fluminense. Foi nomeada uma comissão, da qual faziam parte
representantes de todos os clubes filiados, incumbida de organizar as três
equipes, que deveriam medir forças com os ingleses. Surgindo pequenas
dificuldades quanto à organização dessas equipes, a Liga encarregou os senhores
José Rubião da A.A. Palmeiras, Fernando Macedo Soares, do C.A. Paulista e
Charles Miler, de organizarem os “teams” que enfrentariam os ingleses. A equipe
organizada pelo sr. Charles Miler devia ser composta exclusivamente de
elementos estrangeiros.
Os jogadores do
Corinthians chegaram ao Rio no dia 21, a bordo do “Aragon”, sendo recebidos com
grande demonstração de apreço. Do cais, seguiram, em automóveis, para o
“Metropole Hotel”, nas Laranjeiras, onde ficaram hospedados. Os jogadores do
Corinthians eram estudantes das universidades de Oxford e Cambridge e faziam
parte dos respectivos quadros de “blues” ou jogadores de primeiro “team”.
Os “footballers”
ingleses disputaram três partidas no Rio, sendo: a primeira no dia 24 de agosto
contra o Fluminense, do qual saíram vencedores por 10 gols a 1. O segundo no
dia 26, contra o “scratch” do Rio de Janeiro, saindo vencedores por 8 gols a 1.
E o terceiro no dia 28, contra o “scratch” brasileiro, saindo vencedor por 5 gols
a 2.
As negociações entre a
diretoria da Liga Paulista e o Fluminense tiveram todo êxito. Assim, no dia 29
do mesmo mês, os valentes jogadores ingleses embarcaram-no Rio com destino a
São Paulo, pelo noturno de luxo, chegando no dia 30, pela manhã. Em São Paulo,
também disputam três partidas com resultados melhores para os locais. DE fato.
No primeiro jogo, o combinado do Palmeiras foi vencido apenas por 2x0. No jogo
seguinte um combinado paulista foi derrotado por 5x0. E por fim o combinado São
Paulo Athletic os amadores ingleses venceram por 8 a 2.
Foi mais uma ótima
lição que os brasileiros conheceram e que tantos benefícios lhes trouxe...Ao
que parece teria sidos última partida oficial disputada por Charles Miler, já
veterano.
(Do livro de Tomas
Mazzoni – A história do Futebol do Brasil - 1894-1950.
TAÇA JULES RIMET
Durante o Congresso da
FIFA, em 28 de maio de 1928, época dos Jogos OIimpicos de Amsterdam, por
proposta do Comité Executivo daquele órgão, ficou decidido que seria levado a
efeito um campeonato mundial. Apareceram, então, seis países candidatos a
organizarem o primeiro certame: Hungria, Holanda, Espanha, Suécia e Uruguai.
No Congresso de
Barcelona, em 1919, a FIFA ficou o ano de 1930 para a disputa da Primeira Copa
do Mundo e escolheu o Uruguai como sede do referido campeonato. A escolha
fundamentou-se em três motivos: a) prestígio do futebol uruguaio com a
conquista dos títulos olímpicos de 1924 e 1928. b) o Uruguai comemoraria em
1930 o centenário de sua independência. c) a Associação Uruguai de Futebol
oferecia vantagens financeiras aos participantes.
Decidida a promoção do
mundial, JULES RIMET, Presidente da FIFA, ainda em 1929, como uma das últimas
providências para concretização do seu grande sonho, mandou confeccionar pelo
artesão ABEL LAFLEUR, em Paris, uma bela taça, que depois, por decisão do
Congresso da FIFA, realizado em Luxemburgo, em, 01 de julho de 1946, levaria o seu
nome.
O rico troféu
representava uma Vitória alada, levando em suas mãos, levantadas sobre a
cabeça, um vazo octogonal em forma de copa. Era de ouro puro (um quilo e
oitocentos gramas) e seu peso total correspondia a quatro quilos, com trinta
centímetros de altura, incluindo a base de mármore em que se apoiava. Ao pé da
mesma, em placas especiais, passaram a figurar o nome gravado dos vencedores
dos mundiais até 1970. A taça Jules Rimet ficou pronta em abril de 1930, antes
da Copa do Mundo e os gastos totais atingiram 50 mil francos, uma fortuna para
a época.
Com a conquista em
definitivo da Taça Jules Rimet, para o mundial de 1974, foi instituído um novo
troféu. O Comité Executivo da FIFA, reunido na cidade de Atenas, em janeiro de
1971, deliberou pela confecção de uma nova taça com a denominação de COPA
MUNDIAL DA FIFA. Após uma comissão especial examinar projetos apresentados por
53empresas europeias de sete países, decidiu pelo projetoi da Companhia Bertoni
de Milão.
O autor do projeto
vitorioso foi o milanês Silvio Cazzaniga, chefe da firma Bertoni, e com
passagem pela Escola Superior de Artes de Milão. A Copa Mundial simboliza a
força e a pureza das disputas esportivas mundiais, representadas por dois
atletas segurando o globo terrestre. É de ouro maciço, de 18 quilates, pesando
cinco quilos e medindo 49 centímetros de altura, incluindo a base. Na aludida
base existe espaço para registro de 17 vencedores de copas, a contar de 1974.
Em 1971, o custo do
novo troféu foi de 29 mil dólares. Ao contrário da Taça Jules Rimet, a Copa
Mundial não ficará em definitivo. Em poder de nenhum país. O vencedor de cada
mundial manterá a posse do original por quatro anos. Depois disso receberá uma
réplica, apenas banhada em ouro, que reterá definitivamente.
RUI BARBOSA DE MAL COM
O FUTEBOL
No mês de julho de
1916, quando a Seleção Brasileira foi disputar o primeiro Campeonato Sul
Americano, em Buenos Ayres, havia escassez de navios devido a primeira Grande
Guerra Mundial. O navio disponível era o Júpiter, que levaria a Capital
Argentina, a delegação Plenipotenciária do Brasil que iria participar de um
Congresso do Centenário de Tucuman e que foi fretado para esse fim, tendo
apenas um terço dos seus camarotes ocupados.
Diante disso, o
Ministro do Exterior, Lauro Miller, pensou em embarcar a nossa delegação de
futebol, também no Júpiter, e telefonou para o Conselheiro Rui Barbosa, que era
o chefe da comitiva diplomática.
“Olha, Sr. Conselheiro,
os jogadores brasileiros que irão para o Sul Americano de Futebol também
viajarão no Júpiter. Estou telefonando para avisar-lhe da minha decisão”.
No mesmo instante, veio
a resposta de Rui Barbosa –
“Pois saiba o senhor,
que eu, minha família e meus auxiliares não viajaremos com essa corja de
malandros”.
“Mas, senhor
Conselheiro, eles são jogadores da nossa seleção.”
“Futebolista é sinônimo
de vagabundos, e pode escolher imediatamente, Senhor Ministro – Ou eles ou eu”.
O navio Júpiter partiu
sem os jogadores da seleção que tiveram de viajar de trem até Buenos Ayres. Uma
viajam de cinco dias.
O APARECIMENTO DO
FENÔMENO FRIEDENREICH.
Fried foi um fenômeno
extraordinário no futebol. Tornou-se a figura número do “association” do nosso
país, como foi a de Carlos Gomes na música, de Rio Branco na diplomacia, Rui
Babosa na Jurisprudência, Santos Dumont na aviação etc. Mereceu ser chamado, em
1919, um dos “maiores brasileiros vivos”. Então sua fama atingiu o auge,
juntamente com a fama do futebol nacional. Seu nome imortalizou-se. Fried, sem
dúvida, é imortal para o nosso esporte. Seu nome saiu da cidade, foi para o
interior, para o sertão, atravessou fronteiras...Sua figura é lendária, e será
recordada eternamente pelo mundo brasileiro esportivo.
Em 1919, Fried foi
chamado de “El Tigre”. Depois foi o “sábio”, o “vovô” de 1935. Nos seus 26 nos
de faustosa carreira futebolista, Fried descobriu todos os segredos da arte da
pelota. Herói de mil batalhas, e artífice de mil vitórias. Toda a ciência do
popular jogo ele conheceu. Foi completo. Tudo ele teve, nada deixou de fazer
com a bola. Foi técnico e estilista, improvisador e construtor, artilheiro e
fintador, compassado e astuto. A sua arte, uma maravilha...Jogou com imaginação
e intuição, elegância, correção e audácia. Todo seu jogo foi um espetáculo,
como raro outro avante.
Em um quarto de século,
o jogo de Fried criou um verdadeiro dicionário da sua arte. Em arte, tanto foi
no futebol cientifico, como bizarro, de f antasia, volúvel e positivo, alegre e
efetivo. Um gênio! Um fenômeno.
Delegação carioca que embarcaria de trem para São Paulo.
PRIMEIRO JOGO ENTRE
CARIOCAS E PAULISTAS
No Rio de Janeiro, por iniciativa do Oscar Cox, foi realizado a primeira partida entre brasileiros e membros da Colônia inglesa. O jogo foi realizado no dia 01 de agosto de 1901, no campo do Rio Cricket e teve a presença de apenas quinze pessoas. A partir deste jogo, Oscar Cox ficou entusiasmado e passou a se corresponder com Renê Vanorden do Internacional de São Paulo, além de Charler Miller e Cassemiro Costa para a realização do primeiro jogo entre cariocas e paulistas.
A partida aconteceu no
dia 19DE OUTUBRO DE 1901, no campo do São Paulo Atletic. Na véspera do jogo, os
cariocas viajaram de trem para São Paulo e cada jogador sua passagem. Dois dias
antes do embarque, Oscar Cox consultou os dirigentes da Estrada de Ferro
Central o Brasil sob a possibilidade da delegação carioca viajar de cortesia,
ou pelo menos, merecer um abatimento no preço das passagens. A resposta foi a
seguinte – “A Estrada de Ferro Central do Brasil não foi feita para passeios de
malandros e desocupados”.
Foram realizados dois jogos.
No primeiro, 1x1 e os times formaram assim:
Cariocas com Shubach, M.Farias e L.Nobrega. Oscar Cox, Wright
e Mc.Collock. F.Walter, Horacio Santos, Julio Moraes, E. Moraes e Felix Frias.
Paulistas com
Holland, Belfort Duarte e Hans Nobilling, Vanorden, Jeffery e Muss. Ibãnez SDales, Boyes, Cassemiro, Charles Miller e Alício de Carvalho.
O juiz foi o senhor
Lamont.
No dia seguinte
aconteceu o segundo jogo. Novamente empate: 2x2. Com os mesmos jogadores e o
mesmo juiz. Conforme estava programado, depois do jogo, os paulistas ofereceram
um grande banquete a delegação cariocas, no Rotisserie Sport, com distribuição
de brindes e inflamados discursos pelo grande feito, tendo como oradores OSCAR
Cox e Charles Miller. Assim começou o intercâmbio entre cariocas e paulistas.
Fonte. Do Livro de Tomas
Mazzoni – História do Futebol do Brasil – 1894 a 1950.
Charles Miller
DATAS HISTÓRIAS DO FUTEBOL BRASILEIRO.
A primeira BOLA a chegar ao Brasil, foi trazida por Charles Miller que estudava na Inglaterra. Ele trouxe duas bolas em 1894.
O primeiro ESTÁDIO DE FUTEBOL, no Brasil, surgiu no Velodromo, em São Paulo. Foi inaugurado em 1875 para disputar competições de ciclismo. Em 1902, foi reformado para ser um campo de futebol, se transformando no primeiro estádio de futebol no Brasil, sendo palco de memoráveis jogos..
A primeira PARTIDA DE FUTEBOL, realizada no Brasil, aconteceu no dia 14 ou 15 de abril de 1895, em São Paulo, entre o The S.P. Raiway 4 x The Team do Gaz 2.
O primeiro clube a PRATICAR FUTEBOL no Brasil foi o São Paulo Atletic Club fundado no ano de 1888 para prática de Crickt.
O primeiro CLUBE A SER FUNDADO no Brasil foi o Sport Clube Rio Grande no dia 19 de julho de 1900, no Rio Grande do Sul. Em decorrência desta data, ficou estabelecido que o DIA DO FUTEBOL seria 19 de julho.
A primeira ENTIDADE DE FUTEBOL foi a Liga Paulista de Futebol, fundada no dia 19 de dezembro de 1901. Os clubes que fundaram a entidade foram: São Paulo Atletic, Associação Atlética Mackenzie Colege, Sport Clube Internacional, Sport Clube Germânia e Clube Atlético Paulistano.
O primeiro JOGO OFICIAL realizado no Brasil aconteceu na abertura do Campeonato Paulista de 1902. Aconteceu no Parque Antártica onde jogaram Mackezie 2 x Germânia 1. O PRIMEIRO GOL foi assinalado por Eppinggaux do Mackezie.
O primeiro CAMPEÃO OFICIAL no Brasil foi o São Paulo Aletic no campeonato paulista de 1902.
O primeiro ARTILHEIRO de um Campeonato oficial no Brasil foi o introdutor do futebol no Brasil, Charles Miller. Jogando pelo São Paulo Atletic marcou no campeonato de 1902 dez gols em novo jogos.
O primeiro LIVRO SOBRE FUTEBOL escrito no Brasil foi – Dicionário do Futebol, escrito por Guy Gay em 1905.
Fonte – Livro do Tomas Mazzoni – História do Futebol do Brasil – 1894 a 1950.
O Fluminense dos anos dez.
FLUMINENSE VISITA SÃO
PAULO.
Em setembro de 1904
deu-se a vinda do Fluminense a São Paulo e esta foi a maior temporada
interestadual até então realizada. O Fluminense enfrentou todos os quadros
paulistas menos o Palmeiras. Não ganhou nenhum prélio o Fluminense, mas a
temporada foi um sucesso. Os quadros paulistas venceram o Fluminense com as
seguintes contagem: 4x3 (Gêrmania), 1x0 (Mackenzie), 2x0 (Paulistano), 1x0
(Internacional), 3x0 (Athletic). Assim, nos 6 jogos Rio x São Paulo efetuados
em 1904 os paulistas tivemos seis triunfos.
Os rapazes do Rio foram
festivamente recebidos na estação do Norte pelos membros de todos os clubes da
Liga e trazida para o Rotisserie Sportsman onde se hospedaram. Servido o
almoço, foram quase todos à Floresta, em visita ao Clube de Regatas, e depois
voltaram ao hotel, onde se vestiram, saindo depois para o Velodromo nos landaus que o Sport Clube Gêrmania pôs à
sua disposição.
O jogo de estreia com o Gêrmania teve o seguinte relato nos
diários da época:
“O match começou à
quatro horas, mas à s três já era difícil conseguir-se um lugar nas elegantes
arquibancadas do Velodromo, quase que cheia só de moças, e junto à pista e a
toda a volta do campo, sobre os tetos, sobre as árvores, sobre os muros.
Apinhava-se, em enorme multidão, o bando infindável de aficionados do belo sport inglês.
Tine do Vasco da Gama de 1923.
HISTÓRIAS DO FUTEBOL BRASILEIRO
O primeiro clube a
oferecer “BICHO” para seus jogadores foi o Vasco da Gama. Com as sucessivas
vitórias do Vasco no ano de 1923, seus dirigentes viram a necessidade de ajudar
seus atletas no seu sustento. A ajuda veio através de animais e algum apoio financeiro
em forma de salário.
O primeiro clube
carioca a usar em seu time pretos e mulatos foi o Vasco da Gama em 1923 e com
esse time conquistou o campeonato da temporada. A partir de 1923, o futebol
carioca passou a não ter apenas o rapaz de boa família, o estudante e o branco
como jogadores de futebol. Eles passaram a competir com o pé rapado, o preto, o
analfabeto para ver quem era melhor.
Quando o Vasco, time de
pretos e mulatos, começou a surgir como o melhor time do futebol carioca e se
sagrar campeão em 1923, os clubes de ricos como o Fluminense e Botafogo,
criaram a Associação Metropolitana de Esportes Atléticos. Segundo a Associação,
os jogadores para participarem o campeonato teriam que provarem que eram
empregados. Dirigentes do Vasco, ajudados pelos associados, colocaram seus
atletas como funcionários de estabelecimentos de portugueses. A Associação
atacou novamente o Vasco. Agora, os jogadores teriam de assinar uma SUMULA
antes do início de cada jogo. Se não assinassem não jogariam. Grande parte dos
jogadores do Vasco eram analfabetos. Dirigentes vascaínos contrataram
professores para ensinar caligrafia a seus atletas e aprenderam a assinar seu
nome. E o Vasco continuou ganhando dentro e
fora do campo.
Ao regressar ao Brasil,
julgou que encontraria o futebol já lançado aqui. Sofreu decepção, tanto assim
que trouxera seu material de jogo, entre o qual havia uma bomba, um enfiado, 2
uniformes, um do Colégio e outro do clube da cidade pois jogara também pelo
Corinthians e pelo Souhampton.
Chegado a Paulicéia,
não viu nada de futebol. Encontrou apenas um clube, o S.P.A, fundado em 15 de
maio de 1888, pelos srs. W. Snape, P.Mlier, W.Fox Rule, P.V.Creew e T.Hobbs,
que ali propagavam o cricket. De futebol, si falavam era para relatar jogo
realizados na Inglaterra. “Aqui não se pode fazer sua pratica, porque faltam
campos e aderentes”.
Mas aquilo não
desanimou Miler, que ingressou no S.P.A., disposto a introduzir ali o futebol.
Assim, Charles começou persuadindo os consócios. “Que deixasse a monotonia do
cricket e tentassem a pratica do futebol. Ele forneceria as bolas, as regras”.
Mas que bolas? Onde estão? – indagaram os companheiros de clube. E a resposta
de Miler foi esta: “As que eu trouxe comigo, pois não sabem vocês que eu trouxe
duas bolas, juntamente com meu diploma...” ”Mas então vamos ao jogo, atalhou um
deles”. Charles Miler, lhes dizia: “O chute se dá assim, o corner assado, o
pênalti, deste jeito etc.”
Ainda Charles Miler, dá
o seguinte testemunho da partida inicial:
“Logo que sentimos mais
traquejados e que o número de praticantes havia crescido, convoquei a turma
para o primeiro cotejo regulamentar, denominando o quadro um, de The Team do
GAZ , o que era integrado por empregados daquela Companhia, e o outro de The
S.P. Railway Team, formado de funcionários desta ferrovia. Foi isso a 14 ou 15 de abril de 1895. Ao chegar no
campo, a primeira tarefa que realizamos foi enxotar do mesmo os animais da C.
Viação Paulista, que ali pastavam. Logo depois iniciamos nosso jogo, que
transcorreu interessante, sendo que alguns companheiros jogaram mesmo de
calças, por falta de uniforme adequado. Venceram os S.P. Railway, por 4x2,
entre os quais eu formava, e que eram na sua maior parte, sócios do S.P.
Athletic. Quando deixamos o campo já estava assumido o compromisso de
promovemos um segundo jogo, sendo que a exclamação foi esta: “Que ótimo
esporte, que joguinho bom”. Outras partidas realizamos, mas já na chácara
Dulley, onde finalmente acabamos incorporando o futebol ao clube S.P.A, que foi
o primeiro campeão brasileiro desse esporte”.
Do livro – História do
Futebol no Brasil – 1894 – 1950.
AS PRIMEIRAS NOTICIAS
NOS JORNAIS.
O jornal, O Comércio,
do dia 17 de outubro de 1901, publicou o seguinte – “Foot Ball no sábado a
tarde, 19, e no domingo pela manhã, se realizarão dois matchs nesta cidade,
entre rapazes dos clubes daqui e os do Rio, que para esse fim vieram a esta
capital especialmente”.
O Jornal do Brasil, no
dia 21 de outubro de 1901 anunciava – “ O match de foot-ball ficou empatado
novamente, sem nenhum dos lados fizessem ponto algum”.
Essas foram as
primeiras e deliciosas notícias sobre um jogo de futebol entre cariocas e
paulistas, em outubro de 1901. Era uma época em que o jogador pagava sua
mensalidade, carregava suas chuteiras e meias e pagava sua condução para ir ao
local dos treinos e jogos, e ainda comprava bilhetes da rifa para ajudar seu
clube a comprar bolas e pagar a lavadeira. Todos atendia, prazerosamente aos
pedidos de seus diretores, e se sucediam mensalmente.
Fonte do livro de Tomas
Mazzoni – História do Futebol do Brasil – 1894 a 1950.
PRIMEIRO CAMPEONATO
CARIOCA.
O primeiro campeonato
carioca de profissionais aconteceu em 1933 om Vasco, Fluminense, Flamengo,
Bonsucesso, América e Bangu. O Bangu foi o campeão em decisão contra o
Fluminense nas Laranjeiras. O Bangu venceu por 4x0. O primeiro artilheiro em
campeonatos de profissionais no Rio de Janeiro foi Tião do Bangu com 13 gols. O
time do Bangu tinha 90% de mulatos e pretos. Nesse ano começaram a aparecer no
Vasco os jogadores Domingos da Guia e Leônidas da Silva. Depois, eles foram
alguns dos maiores jogadores do futebol brasileiro.
Do livro de Tomaz
Mazzoni – 1894 a 1950.
FUTEBOL GAÚCHO COMEÇOU NA CIDADE DO RIO GRANDE.
Quando, no dia 24 de agosto de 1903, o sr. Oscar Canteiro, regressando de uma viagem do Rio de Janeiro., acedeu na cidade do Rio Grande em ser o emissário do Esporte Clube, para em Porto Alegre conseguir a anuência dos clubes da metrópole na vinda de uma embaixada daquela grêmio rio-grandense a capital sulina, afim mostrar o que era o novo esporte do futebol, mal poderia conceber que estava iniciando um movimento que teria, num futuro muito próximo, a participação de milhares de jovens da nossa terra.
Na cidade marítima existia desde 14 de julho de 1900, um clube para a pratica do desporto bretão, o E. C. Rio Grande, que fazia esforços para tornar mais conhecido na fundação de novos grêmios não só no Rio Grande como em Pelotas, Bagé etc. Na terra de Marcilio Dias, havia já em 1903, cinco clubes que se dedicavam ao novo desportos, inclusive um formado exclusivamente de meninos de 8 a 10 anos.
Só Porto Alegre permanecia indiferente ao esporte que estava revolucionando a mocidade no início do século XX. De volta de uma longa viagem à Europa, o jovem Artur Cecil Lawson que, da Inglaterra, pátria de seus antepassados, trazia o entusiasmo pelas causas esportivas, e, especialmente, pelo futebol, favoritos dos ingleses. Foi seiva nova no clube já com 75 sócios, sendo que, destes, 2 terços eram brasileiros. Lawson concebeu a ideia de realizar uma excursão a Porto Alegre, para ser feita uma demonstração do futebol, mas logo cedo o mundo achou impossível.
Como e por que iriam os patrões dar uma licença longa – uma semana no mínimo – aos seus empregados? O trabalho era uma coisa séria seria e, férias, um sonho inda muito longinquo. Porém, depois de uma sessão agitada no Esporte Clube foi resolvido organizar uma comissão afim de percorrer o comércio e solicitar as licenças necessárias. Manda a verdade que se diga que a comissão encontrou menos dificuldades do que se esperava. Um ou outro patrão resmungou, mas acabou cedendo.
Amanhã falaremos como foi a excursão a Porto Alegre.
VIAGEM DO E.C. RIO GRANDE A PORTO ALEGRE.
De posse da incumbência
que tomara em Rio Grande, o sr. Oscar Canteiro iniciou e Porto Alegre, no dia
27 de agosto, demarches para a vinda da caravana. A primeira providência foi
visitar o “Correio do Povo” afim de solicitar o seu concurso, e, no dia 30,
convocou uma reunião dos presidentes dos principais clubes de Porto Alegre,
afim de trocar ideias. A sessão teve lugar na sede do R. C. Porto Alegre, sobre
o Guaiba, defronte à Praça da Alfandega, e muitas ideias foram trocadas, pois,
segundo os jornais da época, a reunião terminara muito tarde, depois das 22
horas.
Em nova reunião,
realizada no dia 2 de setembro de 1903, ficou definitivamente constituída a
comissão organizadora das festas a serem efetuadas em homenagens a embaixada do
E.C. Rio Grande., que vinha mostrar aos porto-alegrenses uma espécie de
divertimento, ainda não conhecida.
Organizado o programa
das festas e da recepção foi o mesmo distribuído em boletins, onde era também
solicitado ao comércio, o fechamento de suas portas, no dia 7 de setembro,
feriado nacional. No dia 6 de setembro de 1903 a população amanheceu envolvida
num ambiente de grande alegria e curiosidade. É que deveria chegar a Porto
Alegre a caravana do Esporte clube Rio Grande, portadora de conhecimentos
esportivos que vinha servindo de tema a todas as palestras.
Eis como o Correio do
Povo em sua edição de 8 de setembro de 1903, descreve o acontecimento: “O povo
formou um circulo em torno dos sinais, e pouco depois os grupos denominados
Cores e Brancos, começaram a luta renhida de futebol. E a bola do violento jogo
não teve mais um momento de descanso; com os pés ou com as cabeças dos
jogadores, eras ela arremessada a uma distância, dando à luta ampla margem a
episódios interessantes”.
O público aplaudiu com entusiasmo o novo
genero de esporte, geralmente desconhecido entre nós. Depois de duas horas de
esforço, nenhum dos dois grupos alcançaram a vitória, pois ambos se batiam
valentemente e as forças dos contendores estavam equiparadas. Os jogadores de
futebol, que demostraram ter conhecimento do jogo, tornando-se dignos de
aplausos.
Convém registar que o
público se manteve numa compostura digna de encômios. Sem que a força pública
houvesse comparecida, a ordem foi mantida em toda linha.
PRIMEIRAS REGRAS DO
FUTEBOL.
A “Referre´s Chart”, as
primeiras instruções para os juízes e os casos de impedimento, não haviam,
ainda sido traduzidos para o português. Foi Charles Miller quem forneceu a
Mario Cardim o exemplar dessa publicação inglesa da edição de 1902, que esse
esportista traduziu pela primeira vez no Brasil, uma edição da Casa Vanorden,
de 1903, do seu Guia Esportivo, desse ano, que foi também a primeira publicação
desse gênero na imprensa no Brasil, ao qual Mario Cardim acrescentou o Resumo
Histórico do Futebol, na Inglaterra. “A
Arte de dar o Kick” de C. B. Fry, a Descrição Técnica de uma partida de Futebol
– “Instruções para os juízes e casos de impedimento”.
Mario Cardim era
cronista do “Estado de São Paulo”, o primeiro a se dedicar a descrição das
partidas do esporte bretão no Brasil.
PRIMEIRA MANIFESTAÇÃO POPULAR.
PRIMEIRA MANIFESTAÇÃO POPULAR.
Em 1905, o Paulistano ganhou o campeonato paulista, acabando com a hegemonia do São Paulo Atletic e conquistando seu primeiro título. Na noite dos festejos, após o banquete, os jogadores foram convidados a irem ao Teatro Politheama. Aos chegarem ao Teatro, os atores já estavam em cena, representando o primeiro ato. Os campeões entraram silenciosamente na plateia, mas foram reconhecidos. Os aplausos foram tantos e tão demorados que as luzes acenderam, o pano do palco baixou, o espetáculo foi interrompido e os aplausos perduraram por vários minutos, dele participando todos os componentes da Cia. Teatral, que vieram ao palco, com os atores e as atrizes atirando beijos. Essa foi a primeira manifestação de caráter popular ocorrida no Brasil, saudando um time campeão. O Paulistano foi o primeiro clube a ser campeão com todos os jogadores brasileiros. O São Paulo Atletic que tinha sido tricampeão paulista, todos os jogadores eram ingleses.
Do livro - A História do Futebol do Futebol do Brasil - 1904 a 1950.
O Velodromo Paulistano
foi construído graças ao Conselheiro Antônio Prado, naturalmente por influência
de seu filho, o então jovem Antônio Prado Junior, que trouxe da Europa a
afeição pelo ciclismo. Era, com a pelota, o esporte da moda em São Paulo, dos
fins do século passado. O Velodromo ficava situado na Consolação, entre as
antigas ruas Florisbela, hoje Nestor Pessoa, Martinho Prado e Olnda. Ali,
aquele campo foi, por muitos anos, o cenário de nossos grandes acontecimentos
esportivos.
Em 29 de dezembro de
1900 dava-se a fundação de mais uma sociedade esportiva, que iria ter maraca
influencia na difusão e progresso dos esportes em São Paulo: o Clube Atletic
Paulistano formado por elementos capazes de assegurar para o futebol uma época
de prosperidade. E foi o que aconteceu. Devido à forte eficaz propaganda que o
Internacional já havia feito desse esporte, em suas festas no Velodromo e entre
seus sócios, o Paulistano conseguiu desenvolver-se rapidamente, formando logo
um bom quadro, adversário temível dos demais.
O ciclismo absorvia, na
época, as atenções de uma certa parte da juventude que se reunia no Velodromo.
Começou, pois, o Paulistano pelo ciclismo. Certa vez, três sócios assistiram,
no colégio do Mackenzie, a uma pugna de futebol, entre o primeiro quadro desse
colégio e o Sport Clube internacional. Os sócios, os srs. Renato Miranda, Olavo
de Barros e Silvio Penteado, entusiasmado pelo jogo e pelos conselhos do sr.
Ibanez Sales, fundador do Mackenzie, deliberaram introduzir esse esporte na
agremiação a que pertenciam.
A ideia de Renato e
Martinho tomou vulto e em dezembro de 1900 era realizada na rua São Bento, 61,
a primeira assembleia, afim de se fundar um grêmio entre os rapazes da capital
paulista, daí o nome de C. A. Paulistano. Foi convidado para presidir aquela
primeira reunião o dr. Bento Bueno, então secretário do governo Bernardino de
Campos, tendo sido esse mesmo cavalheiro proclamado presidente do clube.
Durante o ano de 1903
foram realizados jogos da série Rio x São Paulo, cabendo ao Fluminense a
iniciativa de se exibir no Velodromo, pela primeira vez, após sua fundação.
Jogou três partidas nos dias 6,7 e 8 de setembro contra o Internacional,
Paulistano e Atletic. Foi uma bonita exibição dos cariocas. Empatou com o
Internacional (0x0), venceu o Paulistano (2x1) e o campeão Atletic (3x0). Foi
dando assim um bom impulso nas relações entre o futebol das duas capitais.
Zuza, o introdutor do futebol na Bahia.
FUTEBOL NA BAHIA.
A Bahia foi o primeiro Estado
do Norte a tomar conhecimento do futebol. Eis o histórico, o mais fiel
possível, de autoria de Haroldo Maia, publicado no ”Almanaque Esportivo da
Bahia – 1944”.
O sr. José Ferreira,
tesoureiro do British Bank, tinha um filho, o garoto José – Zuza como era
conhecido na família. Garoto inteligente, mas endiabrado, trazia os seus velhos
pais em constante preocupação. Raro era
o dia em que não recebiam uma queixa do menino. Resolveram então manda-lo para
a Europa. Naquele tempo os pais ricos mandavam seus filhos para a Europa, onde
recebiam uma educação melhor. Só, na Inglaterra, o garoto entraria nos eixos.
Tudo resolvido, lá seguiu numa manhã triste e chuvosa, o Zuza para a Velha
Albion. Saudades dos pais, mas sempre uma consolação, uma esperança que o
garoto voltaria gente, ajuizada.
E assim foi.
Passaram-se quatro ou cinco anos. Em 1901, saudoso, o velho Ferreira resolve ir
buscar o “filhinho do papai”. E partiu. No dia 25 de outubro, uma quinta feira,
lá estavam de regresso o velho Ferreira e o Zuza, já crescido, com ares de homem,
falando grosso e com sotaques estrangeirado. Nas suas malas trazia o Zuza,
caladinho, uma bola de couro.
Já em terra, o garoto
tratou de passar a língua aos amigos e logo no domingo, pela manhã, lá se foi o
Zuza, contente, rumo ao campo da Polvora, com sua bola na mão. Na Lapa encontra os velhos amigos irmãos
Tapioca, Petersen e Drumond, e arrebanha-os para o campo da Polvora. A molecada,
vendo aquele home com uma bola na mão, acompanhou-o. Formou um grupo no meio
campo. Deu algumas instruções. Todos pegaram na bola. Que prazer! Corre Zuza
atrás de duas pedras. Acha-as. Coloca-as
a certa distância uma da outra, 10 metros, pouco mais ou pouco menos. Estava
feito o gol. Em seguida volta para o meio do campo. Divide os rapazes. Um
“keeper”, dois “backs”. E cinco “forwards”. Isso feito, dá um lindo “shoot”,
verdadeiro foguete. Estava introduzido o futebol na Bahia o 28 de outubro de
1901.
PRIMEIRO CAMPEONATO NA BAHIA.
Fundada a Primeira Liga
de Futebol na Bahia, o “Jornal de Notícias” assim registrou o fato:
“Anteontem,15 às 11 horas de 1905, reunidos alguns sócios dos clubes
Vitória, Internacional, Bahiano e São
Paulo, na sede deste, instalaram a Liga Bahiana de Esportes Terestres, que tem
por fim dar maior desenvolvimento aos esportes terrestres da Bahia”. Procedia a
eleição, a sua diretoria ficou assim composta: presidente, F. G. May; vice
presidente, Artemio Valente; tesoureiro, Anibal Petresen.
A Liga Bahiana abre
inscrição para o seu primeiro Campeonato e uma comissão tendo à frente Alvaro
Tarquino está tratando do nivelamento e cercado do campo da Polvora. Porém, que
surge o impasse. Quando a comissão chega ao campo encontra quase armando o
Circo Lusitano. Vai então a Liga por meios legais impedir que o Circo continue
instalado no campo desde que a Intendência tem contrato, concedendo-lhe o campo
para o campeonato de futebol. Felizmente, o proprietário do Circo entrou em
combinação com a Liga e transferiu o seu Circo para uma das cabeceiras do campo
não empatando assim o campo propriamente dito. Conseguiu ainda a Liga, por
empréstimo, do proprietário do Circo eu se tornou grande amigo dos esportes,
100 cadeiras que eram colocadas nos dias dos jogos, em volta do campo para
assento das senhoras e autoridades.
A 9 de abril de 1905,
no campo do Polvora, perante concorrência extraordinária tem início o primeiro
campeonato baiano de futebol. O campo estava embandeirado. Uma banda tocava
deliciosas músicas para os espectadores enquanto não se inicia o encontro.
Finalmente, as 4,30 horas tem o começo o grande jogo que é disputado pelos
clubes Vitória e Internacional. Serviu de árbitro o senhor Anibal Peterson.
Após a luta titânica caiu o Vitória por 3 a 1. Outros jogos foram disputados
com o mesmo entusiasmo e animação, terminando o primeiro certame oficial com a
merecida vitória do Club de Cricket Internacional.
Oscar Cox - o introdutor do futebol no Rio de Janeiro.
O COMEÇOU DO FUTEBOL NO RIO DE JANEIRO.
O futebol no Rio teve
vários pioneiros chefiados por Oscar Cox, mas careceu na primeira hora de
organização. Não se constituíram em clube os rapazes que começaram a propagar o
jogo na Capital Federal, mas tinha o mesmo entusiasmo dos capazes de São Paulo.
Estava lá para 1899 lançada a semente do association com a realização das
primeiras partidas. Paulo Varzea cita episódios e nomes que historiam bem
aqueles tempos, que foram o berço do esporte bretão no Rio de Janeiro.
No Rio o futebol já se
libertara daquele exclusivismo em que era mantido pelos quadros de Paissandu e
Rio Cricket, para ser liberado por brasileiros, estudantes e empregados do
comércio, tal qual sucedera em São Paulo em1899, particularmente pelos
Etchgaray, os Brias, os Moraes, etc ... Orientava-os Oscar Cox, aquele
infatigável propugnador do jogo ali. Mas os cariocas continuavam-na fase
inicial de 1896, de São Paulo.
Enquanto a Paulicéia já
dispunha de 5 clubes, no Rio o futebol era praticado por simples quadros, meros
grupos de adeptos, que não chegavam a constituir-se em clubes. Em 1900 apenas 3
quadros cultivavam futebol na terra carioca, um em Niterói e dois no Distrito
Federal. Verdadeiramente aptos à prata do jogo existiam apenas 2 quadros, um
composto de elementos do Rio Cricket, sediado em Icaraí, no qual figuravam
alguns Cox (parente de Oscar) e, outro sediado no Distrito Federal, constituído
de elementos nacionais, que o denominavam Fluminense Team.
Quando na Paulicéia já
se realizavam vários jogos interclubes, no Rio o futebol se limitava a partidas
espaçadas, jogadas nos campos do Rio Cricket e do Paissandú, este transformado
no primeiro campo realmente carioca, tanto que foi ali que os paulistas, em
outubro de 1902, jogaram suas primeiras partidas no Rio. Em 1900 foram
efetuados dois encontros entre os do Rio Cricket e os do Paissandu vencendo’ os
de Niterói poe 2x0 e os do Rio por 3x1.
Do Livro de Tomas
Mazzoni – História do Futebol no Brasil.
PRIMEIRO CAMPEONATO SUL AMERICANO DISPUTADO.
Em 1916 nasceu o
campeonato sul americano, no marco do futebol do nosso continente. O Brasil foi
convidado para não só participar, como para ser um dos fundadores da
Confederação Sudamericana de Foot Ball. Mas somente seria admitido se
resolvesse sua grave crise interna motivada pelo dissidio Liga Paulista x Apea.
Foi então encontrada uma solução satisfatória, graças ao apoio do dr. Lauro
Miler, então Ministro das Relações Exteriores. As entidades do Rio e São Paulo
concordaram em enviar seus jogadores ao campeonato sul americano, deixando para
depois o estudo da pacificação. Os melhores elementos das três entidades foram
convocados e assim o Brasil esteve presente ao certame de Buenos Ayres.
Causou pena a ausência,
por motivos forçados, de Formiga, Píndaro e Rubens Sales, caso contrário teria
sido aquela a mais forte turma brasileira do passado. Fizemos boa figura pois
empatamos com a Argentina (1 a 1) e com o Chile (1 a 1) e fomos vencidos pelos
uruguaios (2 a 1), com dez elementos. O famoso Piendibene entrou em Orlando e
tirou-o do campo. Os dois tentos orientais ademais foram reclamados pelos
brasileiros como fruto de lances ilegítimos. Na volta, amistosamente, os nossos
jogadores os enfrentaram em Montevidéu e se desforram por 1 a 0. O campeonato
foi vencido pelos uruguaios. Foi esse ano em que o público argentino pôs fogo
ao estádio do Gymnasio Y Esgrima porque o prélio final foi adiado.
Observação: Os
jogadores brasileiros que participaram o campeonato sul americano foram: Marcos
de Mendonça. Orlando. Nery. Lagreca. Sidney. Galo. Menezes. Demosthenes.
Fried. Alencar. Arnaldo. Casimiro.
Orlando. Amilcar e Mimi. O Brasil ficou em terceiro lugar. A delegação teve
como diretores os senhores Souza Ribeiro, Benedito Montenegro, Mario Cardim e
Francisco Nascimento Pinto.
PRIMEIRAS CONVERSAÇÕES PARA SE PROFISSIONALIZAR O FUTEBOL.
No início da década de trinta começaram as primeiras conversações para se profissionalizar o futebol. Os melhores jogadores do Brasil estavam indo para a Europa. Jaguaré e Fausto foram para o Barcelona. Assim, Vasco, Fluminense e América criaram a Liga Carioca de Futebol no dia 23 de janeiro de 1933. Era uma Liga de clubes profissionais. Flamengo, Botafogo e São Cristovão foram contra e permaneceram na Associação Metropolitana de Esportes Atléticos. Quando começaram a perder seus principais jogadores, Flamengo e São Cristovão aderiram ao profissionalismo. O Botafogo ficou sozinho.
Fonte: Livro de Tomaz Mazzoni – História do Futebol Brasileiro - 1894 a 1950.
Torcedores dos anos dez.
A VISITA DO CORINTHIANS DE LONDRES.
Grande repercussão teve
o futebol brasileiro a primeira visita que nos fez o Corinthians, de Londres, o
mais celebre quadro amador da Inglaterra. Isso aconteceu em 1910. Coube ao Fluminense
do Rio tal temporada. O sr. Luiz Fonseca, então presidente da Liga, convocou
uma reunião para o dia 6 de agosto, ficando a diretoria autorizada a entrar em
negociações com o Fluminense. Foi nomeada uma comissão, da qual faziam parte
representantes de todos os clubes filiados, incumbida de organizar as três
equipes, que deveriam medir forças com os ingleses. Surgindo pequenas
dificuldades quanto à organização dessas equipes, a Liga encarregou os senhores
José Rubião da A.A. Palmeiras, Fernando Macedo Soares, do C.A. Paulista e
Charles Miler, de organizarem os “teams” que enfrentariam os ingleses. A equipe
organizada pelo sr. Charles Miler devia ser composta exclusivamente de
elementos estrangeiros.
Os jogadores do
Corinthians chegaram ao Rio no dia 21, a bordo do “Aragon”, sendo recebidos com
grande demonstração de apreço. Do cais, seguiram, em automóveis, para o
“Metropole Hotel”, nas Laranjeiras, onde ficaram hospedados. Os jogadores do
Corinthians eram estudantes das universidades de Oxford e Cambridge e faziam
parte dos respectivos quadros de “blues” ou jogadores de primeiro “team”.
Os “footballers”
ingleses disputaram três partidas no Rio, sendo: a primeira no dia 24 de agosto
contra o Fluminense, do qual saíram vencedores por 10 gols a 1. O segundo no
dia 26, contra o “scratch” do Rio de Janeiro, saindo vencedores por 8 gols a 1.
E o terceiro no dia 28, contra o “scratch” brasileiro, saindo vencedor por 5 gols
a 2.
As negociações entre a
diretoria da Liga Paulista e o Fluminense tiveram todo êxito. Assim, no dia 29
do mesmo mês, os valentes jogadores ingleses embarcaram-no Rio com destino a
São Paulo, pelo noturno de luxo, chegando no dia 30, pela manhã. Em São Paulo,
também disputam três partidas com resultados melhores para os locais. DE fato.
No primeiro jogo, o combinado do Palmeiras foi vencido apenas por 2x0. No jogo
seguinte um combinado paulista foi derrotado por 5x0. E por fim o combinado São
Paulo Athletic os amadores ingleses venceram por 8 a 2.
Foi mais uma ótima
lição que os brasileiros conheceram e que tantos benefícios lhes trouxe...Ao
que parece teria sidos última partida oficial disputada por Charles Miler, já
veterano.
(Do livro de Tomas
Mazzoni – A história do Futebol do Brasil -
Um dos primeiros times do Coritiba.
FUNDAÇÃO DO CORITIBA. 1909.
O Coritiba F.C., teve a
seguinte ata de fundação:
“Com o fim de instalar
um futebol clube em nossa cidade, reuniram-se no dia 12 de outubro de 1909
alguns moços da nossa boa sociedade e após longa discussão passou-se a eleger a
respectiva diretoria que consta dos seguintes membros: presidente, secretário,
tesoureiro, primeiro capitão, segundo capitão. Como presidente foi eleito por
unanimidade de votos, o senhor João Viana Seiler.
Seguiu-se então para a
parte regimental.
O sr. Presidente,
tomando a palavra, expôs um projeto para requerer do Joquei Clube Paranaense o
centro do prado, além da raia para preparar o respectivo “Groud”, expondo
também as condições do arrendamento. Com muito entusiasmo foi acolhido este
projeto e aceito por unanimidade dos votos, dando-se poderes à Diretoria para
tomar as providencias necessárias.
Foi estabelecido até o
dia 31 de dezembro de 1910, uma joia de 5 mil reis e mensalidade de 1 mil reis,
sendo todos os propostos neste tempo considerados sócios fundadores. O nome do
clube é Coritiba Football Clube. O uniforme é o seguinte: boné verde e branco,
camisa de flanela verde e branca, cinto verde estreito, calça branca, curta,
meias compridas, sem compromisso de cor, sapatos amarelos apropriados para o
campo. Não tendo sido apresentado outros projetos, o sr. Presidente encerrou
esta primeira reunião às 10 horas da noite, congratulando-se com os presentes
pela iniciativa da fundação do Coritiba Football Clube”.
Estádio do Velodromo em 1905
OS JOGOS DOS ARGENTINOS EM 1908.
Em meados de 1908 vinha
a primeira notícia nas gazetas paulistanas. Dizia ela que a Liga Paulista
estava trabalhando no sentido de promover a visitas dos rapazes argentinos.
Dias depois, apareciam pormenores: a equipe representativa compunha-se de
elementos pertencentes aos clubes Alumni, Belgrado, Estudiantes e San Isidro,
os principais que disputavam o campeonato de Buenos Ayres.
Anunciou-se logo um
treino, mas não teve importância. O segundo exercício foi no dia 28 de junho. O
Palmeiras vivia separado, por motivos de rivalidade. O Sr. Antônio Prado
Junior, presidente da Liga Paulista interveio e solicitou da diretoria da
sociedade rebelada, que prestasse o seu concurso a São Paulo. Os jornais
disseram que o Sr. Antônio Prado conseguira harmonizar todos os clubes. O que é
fato, porém, é que os moços do Palmeiras não compareceram aos exercícios nem
tampouco participaram dos prélios.
Os argentinos chegaram
a São Paulo no dia 30 de junho. Foram bem recebidos na estação, onde aguardaram
os representantes da Liga Paulista, muitos jogadores e grande número de
curiosos. Na cidade, enorme a expectativa. O assunto predileto de todas as
conversas eram os próximos torneios internacionais. Os rapazes argentinos,
durante aquele dia, foram penhorados de gentilezas. Deram vários passeios pela
cidade, visitando os pontos principais. À tarde, dirigiram-se para o Velodromo,
afim de assistir ao último treino dos paulistas. Os rapazes acompanharam, com
certo interesse, os lances do jogo. A certa altura, não resistiram: desceram
das arquibancadas, pediram licença aos diretores das Liga para entrar em campo,
e, mesmo com a roupa de passeio e com delicados sapatos de vernis, deram alguns
chutes...
O primeiro encontro
efetuou-se a 2 de julho. Dia útil. Posto isso o Velodromo teve uma boa
concorrência. Viam-se muitas senhoras e senhoritas. Em lugares reservados,
estavam algumas famílias argentinas, que de proposito vieram assistir aos
“matches”. Os nossos hospedes iam medir forças com um combinado de
estrangeiros, tirados dos clubes filiados à Liga Paulista. Os argentinos não
passaram de um empate de 2 a 2. Na segunda partida venceram os argentinos por 6
a 0. Dia de fracasso completo dos nossos jogadores. O terceiro e último
encontro internacional efetuou-se a 7 de julho de 1908 e os argentinos voltaram
a vencer por 4 a 0. As famílias paulistas focaram desgostosas pela nova surra,
já estavam fartas.
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